Brasília, 6 ago. 2025 — Pressionado por empresários, por parte da equipe econômica e por resultados negativos nas pesquisas de opinião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a admitir rever a estratégia de confronto com o governo dos Estados Unidos após o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.
Pressão interna muda o tom do Planalto
A inflexão começou na semana passada, quando Lula reuniu ministros para avaliar o impacto das tarifas anunciadas pela Casa Branca. Donald Trump manteve a sobretaxa, mas isentou cerca de 700 itens, entre eles suco de laranja, celulose e aeronaves da Embraer. Paralelamente, Washington incluiu o ministro Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, endurecendo o clima diplomático.
Em discurso no encontro nacional do PT, no domingo (3), Lula reconheceu limites no embate: “Tenho um limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo que acho, tenho que falar o que é possível”, afirmou. O recuo verbal foi interpretado pelo Palácio do Planalto como passo inicial para uma reaproximação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou conversas com a equipe do secretário do Tesouro norte-americano, John Bessent, para agendar reunião já na próxima semana. “As relações comerciais não devem ser afetadas por percepções políticas”, declarou Haddad, defendendo um telefonema direto entre os dois chefes de Estado.
Setor produtivo rejeita retaliação
Entidades empresariais reagiram de forma imediata a qualquer menção à Lei da Reciprocidade, que autorizaria o Brasil a impor barreiras semelhantes às dos EUA. Levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) indicou que 86% das companhias contrárias à retaliação temem interrupção de exportações e redirecionamento de investimentos.
Representantes da indústria, do agronegócio e do comércio alertaram o Planalto para o risco de o país ficar isolado, à semelhança dos regimes de Cuba e Venezuela. O diagnóstico é reforçado pela série de acordos que Washington fechou recentemente com Japão, Indonésia, Vietnã e Filipinas, além das tratativas avançadas com China e Índia. “Quem negociar por último ficará com as piores condições”, resume nota técnica distribuída a parlamentares.
Pontos em negociação e exigências de Washington
Nos bastidores, assessores de Lula veem margem para concessões em três frentes: abertura adicional do mercado de etanol, fornecimento de terras raras — insumos estratégicos para alta tecnologia — e realinhamento geopolítico em fóruns internacionais. Do lado norte-americano, Trump insiste no fim da alegada perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro e na revisão de restrições a plataformas digitais sediadas nos EUA. Também figuram na lista de exigências o combate à pirataria de produtos e o abandono de sistemas de pagamento alternativos que driblem bancos ocidentais.
Situação de Moraes complica o xadrez
A inclusão do ministro Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky impede empresas norte-americanas de prestar serviços ao magistrado. O governo brasileiro avalia recursos, mas admite não dispor de instrumento jurídico eficaz para contestar a medida. A ofensiva contra Moraes complica a tentativa de distensão e pressiona Lula a escolher entre a defesa incondicional do aliado e a preservação da relação econômica com o principal parceiro individual do Brasil.


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Popularidade estagnada aumenta custo político
A postura mais agressiva do Planalto contra Trump não se converteu em ganhos eleitorais. Pesquisa Datafolha divulgada em 1º de agosto mostra reprovação de 40% ao governo e aprovação de 29%, números idênticos à rodada anterior dentro da margem de erro. Para analistas, a ausência de avanço nas sondagens reforça a necessidade de um acordo capaz de proteger empregos e divisas.
Em fevereiro, Lula registrara 24% de avaliações positivas, o pior nível de seus três mandatos. Desde então, o Planalto tentou vincular a sobretaxa norte-americana ao ex-presidente Bolsonaro, mas a narrativa não surtiu efeito mensurável. Campanhas digitais do PT, que utilizam inteligência artificial para retratar Bolsonaro como responsável pelo prejuízo, também não provocaram mudança na tendência.
Próximos passos
A expectativa no governo é de que Lula anuncie em cadeia nacional um pacote de compensações para setores mais atingidos pelo tarifaço e sinalize disposição de diálogo sem ceder, segundo ele, “a soberania nacional”. Paralelamente, Haddad trabalha para viabilizar a conversa presidencial que destrave um canal formal de negociação.
Enquanto isso, empresários pressionam por resultados rápidos para evitar cancelamentos de contratos já previstos para o segundo semestre. Exportadores de proteína animal, siderurgia e mineração relatam atraso na liberação de cargas e aumento de custos de seguro desde a elevação das tarifas.
Se optar pela reciprocidade, o Brasil arriscaria ruptura com cadeias globais de valor. Se avançar nas concessões, Lula enfrentará resistência de alas ideológicas internas. O relógio econômico corre mais rápido que o político, e o Planalto mede o preço das duas rotas: isolamento ou acomodação.

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