Registros internos do chamado “gabinete paralelo” do ministro Alexandre de Moraes indicam que, em 2022, auxiliares teriam planejado bloquear conteúdos, aplicar multas e desmonetizar perfis de jornalistas críticos. As conversas, divulgadas pela Revista Oeste no âmbito da operação conhecida como Vaza Toga, envolvem principalmente o juiz auxiliar Airton Vieira e o ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro.
Orientações para bloqueio e multa a colunistas
De acordo com as mensagens obtidas, em 22 de novembro de 2022 Vieira compartilhou, em um grupo de WhatsApp, um vídeo do jornalista Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo. No material, o comunicador criticava ações do TSE contra alegada “desordem informacional”. Logo em seguida, Vieira teria ordenado: “Vamos bloquear tudo desse cara e prever multa”.
Diante da determinação, Tagliaferro questionou qual justificativa deveria constar no relatório a ser produzido contra Constantino. O juiz auxiliar respondeu que faria contato telefônico para explicar o procedimento, reforçando a necessidade de “bloqueio e multa pelo STF” e solicitando capricho na elaboração do texto.
Constantino afirmou publicamente que as revelações confirmam ter sido alvo de perseguição. Segundo o colunista, o material comprova que, primeiro, seus críticos “selecionaram o alvo” e depois buscaram um pretexto para puni-lo.
Recuo estratégico e desmonetização
As conversas mostram que, em 5 de dezembro de 2022, o grupo recuou do bloqueio total, temendo repercussão negativa. A solução encontrada teria sido a desmonetização dos perfis ligados ao jornalista. Na prática, o conteúdo continuaria disponível, mas sem gerar receita.
Outro alvo das tratativas foi o colunista Guilherme Fiuza. Em 27 de dezembro de 2022, Tagliaferro anunciou ter finalizado um relatório contra o jornalista, observando que “não precisou de muito para se comprometer”. A mensagem recebeu aplausos virtuais de Vieira e de Marco Antônio Vargas, também integrante do grupo. Vargas citou “vários posts golpistas” de Fiuza, ao que Tagliaferro respondeu: “Vamos mandar bala”. Fiuza preferiu não comentar o caso.
Reação política no Senado
A divulgação das mensagens fortaleceu o pedido do senador Esperidião Amin (PP-SC) para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar eventuais abusos de autoridade e perseguição política por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O requerimento, protocolado em 28 de agosto, já reúne 29 assinaturas — número mínimo necessário para a instalação.
Para que a CPI comece a funcionar, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, precisa ler o pedido em plenário. Amin sustenta que as revelações da Vaza Toga indicam produção de provas pelo STF para sustentar acusações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo o parlamentar, alguns magistrados teriam “criado evidências de forma criativa” para reforçar narrativas contra opositores políticos.
Origem do vazamento e investigação contra ex-assessor
A série de publicações conhecidas como Vaza Toga teve início em 13 de agosto de 2024, quando o jornalista Glenn Greenwald divulgou, na Folha de S.Paulo, reportagens baseadas em aproximadamente 6 gigabytes de mensagens e áudios atribuídos a servidores do TSE e do STF. Os diálogos sugerem atuação informal de Alexandre de Moraes em procedimentos da Justiça Eleitoral.


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Imagem: Bruno MaffiEspecial para a Gazeta do Pov
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Eduardo Tagliaferro de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em abril, a Polícia Federal o indiciou pelo vazamento dos diálogos. Tagliaferro nega as acusações, alegando motivação política e contando com apoio de parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sem resposta oficial do Judiciário
A reportagem da Gazeta do Povo informou ter procurado as assessorias do STF, do TSE e do Tribunal de Justiça de São Paulo para comentar o conteúdo dos vazamentos, mas não recebeu retorno até o fechamento do texto. Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes também não se manifestou sobre as mensagens específicas envolvendo bloqueios e desmonetização de jornalistas.
As revelações reforçam o debate sobre liberdade de expressão e limites de atuação do Judiciário em redes sociais. Enquanto congressistas pressionam pela CPI, o Supremo ainda avalia pedidos de investigação sobre a divulgação do material.
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Em suma, os registros apontam para ordens internas de bloqueio, multa e desmonetização de profissionais da imprensa, combustíveis para a CPI da Vaza Toga e para o debate sobre transparência no Judiciário. Continue acompanhando as atualizações e compartilhe este conteúdo para manter mais leitores informados.
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