Uma multidão tomou a Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde de domingo, 3 de agosto de 2025, para exigir anistia aos detidos pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e reafirmar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lideranças políticas de direita compareceram ao trio elétrico montado em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e concentraram os discursos na defesa das liberdades civis, no repúdio às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e na exaltação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos desde abril.
Anistia aos presos de 8 de janeiro domina os discursos
A vereadora paulistana Zoe Martínez (PL) abriu a sequência de falas. Nascida em Cuba, a parlamentar declarou solidariedade a Eduardo Bolsonaro e à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), detida recentemente na Itália por determinação do STF. Zoe criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes em tom enfático: “Alexandre de Moraes e Lula, fora! O Brasil não quer vocês”.
Na mesma linha, o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) descreveu o cenário institucional como “Executivo alinhado a ditaduras, Legislativo omisso e Judiciário ditatorial”. Bove pediu “anistia já” para os condenados de 8 de janeiro e rendeu homenagem póstuma ao jornalista J. R. Guzzo, falecido no sábado, 2 de agosto, aos 82 anos, vítima de infarto.
O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) reforçou o apelo pela anistia e lamentou a ausência de Jair Bolsonaro, obrigado a permanecer em Brasília e a usar tornozeleira eletrônica por ordem de Moraes. Bilynskyj provocou: “O que Moraes e o Primeiro Comando da Capital têm em comum? Ambos são punidos pela Lei Magnitsky”. A referência foi recebida com gritos de apoio.
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Exaltação a Eduardo Bolsonaro e repúdio a Lula
A deputada federal e presidente do PL Mulher em São Paulo, Rosana Valle, comemorou a participação popular: “Paulista sem fim”. A parlamentar classificou como “prisões arbitrárias” as medidas adotadas contra manifestantes e bradou “Fora, Lula. Fora, PT”.
Eduardo Bolsonaro participou por telefone. A ligação foi transmitida no sistema de som pelo deputado estadual Paulo Mansur (PL-SP). “Meu muito obrigado. Sozinho a gente não faz nada”, declarou o filho do ex-presidente. Mansur definiu o colega como “nosso escudo fora do país”.
O vereador paulistano Lucas Pavanato (PL) criticou a “perseguição” ao ex-presidente. Ele lembrou o gesto obsceno feito por Moraes durante jogo de futebol no dia 30 de julho: “Tem autoridade achando que pode mostrar o dedo do meio para a população”.
Os deputados estaduais Tomé Abduch (Republicanos) e Conte Lopes (PL) também se pronunciaram. Abduch recordou a mobilização popular que levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016, ressaltando a “força do povo na rua”. Conte Lopes afirmou que o Brasil vive uma “ditadura de toga” e que a voz de Bolsonaro é ecoada pela população.
Unidade da direita e críticas ao STF
O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) concluiu os discursos, sustentando que “os atuais ocupantes do poder temem a unidade da direita e querem calar aquele que nos uniu”. Feliciano afirmou confiar na prevalência da verdade.
Além das falas, cartazes elogiavam Eduardo Bolsonaro e pediam liberdade para os presos de 8 de janeiro. Em um deles lia-se: “Obrigado, Eduardo, por levar a verdade do Brasil ao mundo”. Outro trazia a mensagem: “Seu lugar é na prisão”, direcionada a Lula.
Apesar da forte presença de manifestantes, o ato ocorreu sem incidentes relevantes registrados pela Polícia Militar. Ambulantes venderam camisetas verde-amarelas, bandeiras nacionais e adesivos com a frase “Anistia já”.
Contexto político e próximos passos
O Projeto de Lei da Anistia tramita na Câmara dos Deputados e aguarda inclusão na pauta. Parlamentares presentes defenderam urgência na votação para “restaurar o devido processo legal e a paz social”. Para eles, a concessão de anistia corrigiria, segundo suas palavras, “excessos cometidos pelo Judiciário” após os protestos de 8 de janeiro.
Enquanto isso, Jair Bolsonaro permanece em Brasília, submetido a restrições judiciais. Seus apoiadores afirmam que as limitações reforçam a necessidade de mobilização popular. O próximo grande ato deve ocorrer em setembro, durante as comemorações do Dia da Independência, quando organizadores planejam novo chamado às ruas pela anistia e pela “defesa da liberdade”.
Com os discursos deste domingo, a direita procura manter coesão e pressão política. O foco imediato recai sobre a tramitação do projeto de anistia, mas as lideranças também articulam estratégias para as eleições municipais de 2026, mirando alianças que fortaleçam o campo conservador nas capitais e nos principais polos regionais.
Ao término da manifestação, participantes cantaram o Hino Nacional e prometeram voltar “quantas vezes forem necessárias” até que, em suas palavras, “os patriotas injustamente presos retornem às suas famílias”.
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