A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) viveu uma manhã de embates nesta quinta-feira (25). Em encontro conduzido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), o colegiado aprovou requerimento de prisão preventiva contra o advogado Nelson Wilians, que é apontado como peça-chave no esquema de descontos ilegais em aposentadorias. Em seguida, abriu a oitiva de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado de operar o desvio de recursos que deveriam chegar a aposentados e pensionistas.
Prisão preventiva e quebra de sigilos
Logo no início da sessão, os 32 parlamentares titulares da CPMI votaram dois requerimentos direcionados a Nelson Wilians. O primeiro quebrou os sigilos fiscal e bancário do advogado; o segundo encaminhou ao Supremo Tribunal Federal pedido de prisão preventiva. Relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL) sustentou que a medida é necessária para preservar provas e garantir o ressarcimento aos cofres públicos.
Na mesma pauta, foi apresentada uma minuta de projeto que endurece regras para futuras CPIs. O texto condiciona a dispensa de depoentes apenas a decisões colegiadas do STF, buscando evitar manobras protelatórias. A iniciativa recebeu apoio imediato de parlamentares que defendem investigações céleres e com respaldo jurídico claro.
Depoimento do ‘Careca do INSS’
Chamado a prestar esclarecimentos, Antônio Antunes iniciou discurso de 15 minutos. Ele classificou a investigação como “narrativa fantasiosa”, repudiou o apelido atribuído pela imprensa e afirmou ser vítima de informações “mentirosas” usadas para justificar sua prisão preventiva anterior. O empresário reconheceu possuir empresas no exterior, mas negou que elas tenham servido para fraudar benefícios.
Embora se declarasse disposto a responder perguntas, Antunes impôs condição: não dialogaria com o relator Alfredo Gaspar. “O relator já me julgou e condenou sem me ouvir”, declarou. Gaspar retrucou, rotulando a postura de “arrogante e prepotente” e prometendo adotar “todas as medidas legais” para responsabilizá-lo.
Bate-boca e suspensão da sessão
O clima esquentou quando o relator afirmou que Antunes comandava “o maior roubo contra aposentados e pensionistas da história recente”. A declaração fez o advogado de defesa, Cleber Lopes, protestar com veemência. O deputado Zé Trovão (PL-SC) interveio, gerando discussão generalizada. Para restabelecer a ordem, o vice-presidente Duarte Jr. (PSB-MA) suspendeu os trabalhos por aproximadamente uma hora.
Ao retomar a reunião, o presidente Carlos Viana reforçou que a CPMI não aceitará desrespeito nem manobras de silêncio absoluto. Ele lembrou que investigados têm direito ao silêncio seletivo, mas a obstrução deliberada pode acarretar medidas coercitivas previstas no Regimento Comum do Congresso.
Próximos passos da investigação
Com o depoimento ainda inconcluso, a CPMI deverá reconvocar Antônio Antunes, se necessário, para concluir questionamentos. Também estão na agenda a análise de quebras de sigilo de empresas ligadas ao empresário e a tomada de depoimentos de ex-servidores do INSS suspeitos de facilitar os descontos indevidos.
Parlamentares favoráveis a um pente-fino mais rigoroso defendem que a comissão avance sobre eventuais conluios entre escritórios de advocacia e associações de aposentados. A relatoria avalia novas diligências em órgãos de fiscalização financeira a fim de rastrear transferências ao exterior.


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Imagem: Edils Rodrigues
Repercussão política
Líderes da base governista e da oposição concordaram sobre a necessidade de responsabilizar os envolvidos, mas divergiram quanto à amplitude das quebras de sigilo. Aliados do governo afirmam que não se deve “criminalizar” todo o setor de advocacia; já parlamentares de perfil conservador destacam que o combate à corrupção exige firmeza, inclusive contra profissionais que “se escondem” atrás da imunidade de sua atividade.
Para Alfredo Gaspar, o avanço da investigação envia sinal de intolerância com irregularidades em recursos previdenciários, verba considerada “sagrada” por atingir diretamente milhões de idosos. O relator reiterou que eventuais lacunas serão supridas com pedidos de cooperação internacional.
Com a retomada da oitiva ainda nesta tarde, a expectativa é de que novos documentos sejam anexados ao inquérito legislativo, fortalecendo a tese de que o grupo investigado montou rede de captadores de dados de beneficiários para aplicar descontos não autorizados.
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Em síntese, a CPMI do INSS fechou a manhã com a aprovação de medidas duras contra suspeitos e expôs o confronto direto entre relator e investigado. A expectativa agora recai sobre a continuidade do depoimento e possíveis novas prisões. Acompanhe nossos próximos textos e receba atualizações em tempo real.
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