Brasília, 19 de setembro de 2025. A atividade econômica brasileira perde ritmo mesmo após sucessivos estímulos fiscais e de crédito, enquanto a Bolsa de Valores avança. O contraste expõe o limite da expansão de gastos promovida pelo governo e revela a expectativa, no mercado, de mudança no comando da política econômica a partir de 2027.
Dados confirmam perda de fôlego
O próprio Ministério da Fazenda revisou sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% para 2,3% em 2025. O segundo trimestre registrou alta de apenas 0,4% sobre o período anterior, com queda de 2,2% nos investimentos empresariais.
Indicadores de julho reforçam o quadro: a produção industrial recuou 0,2%, as vendas no varejo caíram 0,3% e o IBC-Br, considerado sinalizador mensal do PIB, mostrou retração de 0,5%. Os números consolidam a desaceleração esperada pelos analistas desde o início do ciclo de aperto monetário, iniciado em 2024.
A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, demorará ao menos nove meses para impactar plenamente a economia real. Isso significa que os efeitos mais fortes serão sentidos em 2026, exatamente quando o governo promete intensificar programas de gasto público. A experiência recente indica que a combinação de juros altos, incerteza política e expansão fiscal tende a inibir o investimento privado, repetindo o cenário observado no fim da gestão Dilma Rousseff.
Selic alta, gasto público e incerteza eleitoral
O embate entre a visão keynesiana – que defende mais despesa governamental para impulsionar a demanda – e a abordagem liberal – que alerta para o efeito nocivo da incerteza e da elevação dos juros sobre o investimento – volta ao centro do debate. Na prática, o empresariado reage cautelosamente ao avanço da intervenção estatal e à deterioração das contas públicas, preferindo adiar projetos até que o ambiente regulatório se torne mais previsível.
Embora o desemprego permaneça baixo, economistas lembram que o mercado de trabalho responde com atraso aos ciclos econômicos. Custos de demissão, recontratação e treinamento retardam ajustes na folha, o que pode levar a aumentos de desemprego apenas em 2026, caso o nível de atividade siga em queda.
Por que o mercado financeiro reage na contramão
Enquanto os indicadores de produção e consumo apontam fraqueza, o Ibovespa acumula valorização. Para investidores, a desaceleração atual antecipa a convergência da inflação à meta e a futura flexibilização monetária. Mais do que isso, há componente político claro nessa leitura: a expectativa de que a eleição de 2026 resulte em um governo alinhado ao centro-direita, possivelmente liderado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recentemente cortejado pelo Centrão.
Na avaliação de gestores, a perspectiva de um novo governo comprometido com responsabilidade fiscal, reformas pró-mercado e redução da máquina pública ampliaria os lucros das companhias listadas, justificando a alta das ações já no presente. O raciocínio segue o padrão das bolsas globais, que costumam antecipar ganhos ou perdas cerca de um ano antes dos movimentos da economia real.
Riscos à frente e apostas do capital
Apesar do otimismo do mercado acionário, o cenário de curto prazo continua desafiador. A inflação permanece acima do centro da meta, a inadimplência segue elevada e a dívida pública cresce. Caso o governo intensifique a expansão fiscal sem contrapartidas de corte de gastos, o prêmio de risco pode subir e comprometer a trajetória de juros futuros, frustrando parte das apostas de valorização.


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Imagem: Daniel Dan
Ainda assim, a leitura predominante nas mesas de operação é de que a combinação de queda de inflação, redução gradual da Selic a partir de 2026 e possível mudança de agenda econômica em 2027 levará as empresas listadas a um ciclo de resultados mais robustos. Nesse contexto, o mercado financeiro prefere adiantar posições agora, mesmo com a economia patinando.
Para o investidor de longo prazo, o quadro recomenda atenção a três variáveis: o rumo da política fiscal no ano eleitoral de 2026, a velocidade de recuo da inflação e a capacidade do próximo governo de aprovar reformas. Qualquer frustração nesses pontos pode reverter o movimento da Bolsa.
Em síntese, a divergência entre economia real e mercado financeiro reflete expectativas diferentes de horizonte. No curto prazo, prevalece a desaceleração causada pelos juros altos e pela insegurança regulatória; no médio prazo, ganha força a leitura de mudança de governo e de política econômica, considerada mais amigável ao capital privado.
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Fique atento aos próximos indicadores e decisões fiscais: eles dirão se o otimismo do mercado se sustenta ou se a realidade da atividade produtiva falará mais alto. Compartilhe este conteúdo e participe do debate sobre o futuro econômico do país.
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