O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, confirmou neste sábado (9) que o plano de contingência destinado a minimizar os efeitos do aumento de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros será apresentado no início da próxima semana. A declaração foi feita durante visita à concessionária Guará Motor, em Guaratinguetá (SP).
Foco em empresas que mais vendem aos EUA
Segundo Alckmin, as medidas foram desenhadas para atender prioritariamente as companhias que possuem maior volume de exportações para o mercado dos Estados Unidos. O objetivo central, frisou o ministro, não é retaliar Washington, mas resolver a questão com a exclusão de setores brasileiros da lista de tarifas adicionais que entram em vigor ainda neste segundo semestre.
“A prioridade não é retaliar, a prioridade é resolver”, ressaltou. O vice-presidente classificou o tarifaço como “extremamente injusto” e apontou “base jurídica totalmente fraca” na decisão do governo norte-americano. Para ele, impor sobretaxas por razões “de natureza política partidária” contraria boas práticas de comércio internacional.
Alckmin também observou que parte relevante das exportações afetadas é composta por insumos industriais, o que, na prática, eleva custos e reduz competitividade de ambas as economias. “Quando se aumenta a tarifa, quem paga é o consumidor”, afirmou, sinalizando preocupação com a elevação de preços tanto no Brasil quanto nos EUA.
Perde-perde versus ganha-ganha
O vice-presidente defendeu que o comércio bilateral seja pautado por acordos que gerem “ganha-ganha”, com maior fluxo de mercadorias e fortalecimento da complementaridade econômica. Sob a ótica do governo, qualquer aumento de barreira tarifária resulta em ambiente “perde-perde”, no qual indústrias, trabalhadores e consumidores dos dois países arcariam com os custos.
Ao comentar a etapa final da elaboração do plano, Alckmin explicou que técnicos dos ministérios da Fazenda, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento ajustam os detalhes jurídicos e tributários. A estratégia inclui:
- mapeamento dos principais produtos atingidos;
- avaliação de impacto sobre cadeias produtivas internas;
- negociação bilateral para remover setores da lista de sobretaxas;
- instrumentos de apoio financeiro a empresas exportadoras mais expostas.
Embora tenha rechaçado a ideia de retaliação imediata, o vice-presidente não descartou acionar instâncias multilaterais, caso o diálogo não avance. No entanto, reiterou que a posição inicial do Planalto é evitar escalada de tensões e buscar solução negociada.
Contexto político e impacto econômico
O tarifaço foi formalizado em julho pelo governo dos Estados Unidos e atinge especialmente produtos siderúrgicos, alumínio e determinados bens manufaturados. Para analistas de mercado, a decisão pressiona margens de lucro de exportadores brasileiros e pode levar à redução de embarques, com reflexos sobre emprego e arrecadação.
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Internamente, federações industriais cobram agilidade do governo para manter contratos vigentes. Entre as propostas encaminhadas ao Ministério do Desenvolvimento estão linhas de crédito com custo reduzido, desoneração temporária de insumos e intensificação de missões comerciais a outros mercados.
No Congresso Nacional, parlamentares de diferentes partidos articulam audiências públicas para debater a resposta brasileira, enquanto a oposição critica o que chama de “demora” do Executivo. Por outro lado, empresários defendem a via diplomática, na expectativa de preservar relações com o principal parceiro extrarregional do Brasil.
Próximos passos
Alckmin sinalizou que o anúncio oficial ocorrerá em Brasília e contará com representantes do Itamaraty, da Fazenda e de entidades do setor produtivo. A apresentação deve incluir cronograma de execução, estimativas de custo e metas de alívio tarifário.
O ministro reforçou que, mesmo após a divulgação do pacote, o governo seguirá monitorando indicadores de exportação e poderá ajustar instrumentos de apoio conforme variações de mercado. “Nossa responsabilidade é defender a indústria nacional sem fechar portas”, concluiu.
Com a data definida para a próxima semana, exportadores aguardam detalhes do plano, enquanto investidores acompanham sinais sobre o futuro das tratativas comerciais entre Brasília e Washington.
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