Brasília, 13 de agosto de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta formal ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo a presença do líder americano na 30ª Conferência das Partes (COP30), marcada para novembro, em Belém (PA). Embora o convite cite “engajamento global” contra mudanças climáticas, Lula confirmou que não tratou da sobretaxa de 50% aplicada por Washington a milhares de produtos brasileiros.
Empresariado cobra negociação sobre tarifas
Desde que a tarifa foi instituída, entidades do agronegócio, indústria e comércio pressionam o Palácio do Planalto por ação direta. Os exportadores temem perda de competitividade e apontam prejuízos imediatos na ordem de bilhões de dólares. Mesmo assim, Lula declarou à rádio BandNews FM que o convite “não tem cunho comercial” e que a pauta climática deve permanecer “desvinculada” das discussões tarifárias.
Representantes de federações empresariais consideram a postura insuficiente. Eles defendem, no mínimo, uma ligação telefônica a Donald Trump para abertura de canal diplomático. Até o momento, segundo o próprio presidente brasileiro, nenhum contato foi solicitado.
Encontro bilateral na ONU permanece incerto
A COP30 não será a única oportunidade de diálogo presencial entre os dois chefes de Estado. Ambos devem participar da abertura da 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, no próximo mês. Entretanto, o assessor especial para assuntos internacionais de Lula, embaixador Celso Amorim, disse no programa Roda Viva que “não está nos planos” pedir reunião com Trump. Amorim ponderou que “nada é imutável”, mas condicionou um encontro a “gestos que o justifiquem”.
No Congresso Nacional, parlamentares da oposição enxergam a hesitação como sinal de fragilidade. Eles alegam que a falta de iniciativa confirma ausência de estratégia econômica consistente diante do maior parceiro comercial fora do Mercosul.
Lula defende “diálogo civilizado”
Na entrevista em que anunciou o convite, Lula afirmou esperar “diálogo civilizado” com Trump, assegurando não guardar ressentimento pela retirada dos EUA do Acordo de Paris durante o governo republicano. O petista também declarou que a conferência de Belém deve ser lembrada como a “COP da verdade”, espaço onde líderes demonstrariam se “confiam na ciência” sobre aquecimento global.
A retórica desagrada alas conservadoras do Parlamento, que veem tentativa de disseminar narrativa alarmista sem entregar resultados concretos. Já movimentos ambientalistas elogiam a iniciativa, mas cobram metas ambiciosas de emissões — pauta que, até agora, não avançou no Legislativo.
Críticas de Flávio Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou as redes sociais para criticar o presidente. Para o parlamentar, Lula “atua como agente da desordem” ao criar crises e se recusar a solucioná-las. Segundo Flávio, a recusa em negociar tarifas demonstra que o governo “quer o caos” para justificar discursos ideológicos sob o rótulo de soberania.
Resposta de Trump ainda não veio
Lula afirmou ter o hábito de responder “todas as correspondências” e aguarda manifestação oficial da Casa Branca. Até o fechamento desta reportagem, a equipe de comunicação do governo americano não confirmou recebimento nem intenção de comparecer à COP30.
IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada
Diplomatas experientes lembram que Trump deixou de participar de diversas cúpulas ambientais no passado, priorizando agendas domésticas de crescimento econômico. A presença em Belém, portanto, dependerá de cálculos políticos internos e dos desdobramentos da disputa tarifária.
Contexto econômico e político
A imposição de 50% de sobretaxa a exportações brasileiras foi anunciada no início do ano com a justificativa de equilíbrio da balança comercial e proteção da indústria norte-americana. O Itamaraty classificou a medida como “inamistosa”, mas ainda não recorreu à Organização Mundial do Comércio. Especialistas alertam que, sem reação rápida, setores como carne bovina, aço e produtos químicos perderão participação no mercado dos EUA para concorrentes asiáticos.
Além da questão tarifária, Brasil e Estados Unidos enfrentam divergências em temas como subsídios agrícolas e propriedade intelectual. Observadores destacam que a falta de coordenação entre Planalto e Ministério das Relações Exteriores alimenta clima de incerteza, dificultando investimentos e cooperação tecnológica.
Belém se prepara para a COP30
No plano logístico, o governo federal promete concluir obras de mobilidade, ampliar a rede hoteleira e reforçar a segurança até outubro. A expectativa oficial é receber cerca de 40 mil participantes, incluindo chefes de Estado, diplomatas, empresários e representantes de ONGs. Autoridades locais estimam injeção de R$ 600 milhões na economia paraense durante o evento.
Mesmo sem confirmação de Trump, equipes de protocolo já reservam áreas específicas para a delegação norte-americana. Caso o líder republicano aceite o convite, o encontro poderá redefinir a agenda bilateral, desde que o Planalto esteja disposto a tratar, de forma objetiva, a pauta comercial que hoje penaliza exportadores brasileiros.
Enquanto aguarda resposta de Washington, Lula mantém a aposta em discurso ambiental como vitrine internacional, deixando a negociação econômica em segundo plano. Empresários, analistas de mercado e parlamentares de oposição observam com cautela. Para eles, a COP30 só trará ganhos concretos ao país se o presidente combinar protagonismo climático com defesa firme dos interesses comerciais nacionais.
Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!
