A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou, neste domingo (3), de um ato no centro de Belém (PA) que reuniu manifestantes contrários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A presença de Michelle reforçou a mobilização nacional que, ao longo do dia, tomou ruas e praças em dezenas de capitais e grandes cidades.
Mobilização em diversas regiões do país
Os protestos ocorreram simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Salvador, Fortaleza, Recife, São Luís, João Pessoa, Natal, Teresina, Aracaju, Maceió, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e no Distrito Federal. No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocou a oposição para a Praia de Copacabana, classificando o momento político como um capítulo que “estará nos livros de história”. Segundo ele, a sociedade observa perdas graduais de liberdade e crescimento de perseguições políticas.
Em Salvador, a concentração no Farol da Barra elevou gritos de “Fora, Lula” e “Respeito à Constituição”. Já em São Paulo, manifestantes ocuparam a Avenida Paulista desde o início da manhã, empunhando bandeiras do Brasil e cartazes pedindo limites às decisões do Supremo Tribunal Federal. A presença de ônibus vindos do interior indicou organização prévia das caravanas.
Presença de Michelle em Belém
A agenda de Michelle Bolsonaro na região Norte começou no sábado (2), quando ela participou do PL Mulher em Marabá (PA). De acordo com informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a escolha de permanecer no Pará, em vez de deslocar-se para a Paulista, foi estratégica: outros representantes já confirmavam presença em São Paulo, enquanto o ato em Belém carecia de figura nacional de destaque.
No palco improvisado, a ex-primeira-dama cumprimentou o público e reforçou o “carinho pelo povo nortista”. Sem discurso prolongado, ela limitou-se a agradecer o apoio e posou para fotos com apoiadores. A participação foi suficiente para aquecer as redes sociais, onde vídeos da manifestação ganharam projeção e a hashtag #ForaLulaForaMoraes entrou nos assuntos mais comentados.
Causas dos protestos
Um dos alvos principais da mobilização foi o ministro Alexandre de Moraes. Na semana anterior, o governo dos Estados Unidos aplicou sanções ao magistrado com base na Lei Magnitsky, mecanismo que pune autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. O episódio foi interpretado por lideranças oposicionistas como confirmação de “excessos” cometidos pelo STF. Na avaliação dos manifestantes, decisões recentes da Corte restringem garantias individuais e impactam a vida econômica do país, tema potencializado após o anúncio do chamado “tarifaço”, pacote de medidas que eleva custos para empresas e consumidores.
Além de criticar Moraes, os participantes responsabilizaram Lula pelo que classificam como aumento de impostos e crescimento da máquina estatal. Faixas exibiam frases em defesa do “equilíbrio entre Poderes” e repúdio ao que chamam de “intervenção judicial em questões políticas”.
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Organização e segurança
Em Belém, a manifestação concentrou-se nas proximidades da avenida Presidente Vargas. A Polícia Militar do Pará montou bloqueios em ruas adjacentes para controlar o fluxo de veículos e garantir a segurança. Não houve registro de confronto. De acordo com estimativas preliminares divulgadas pelos organizadores, cerca de 10 mil pessoas passaram pelo local ao longo da tarde. O efetivo policial incluiu cavalaria, drones de monitoramento e apoio do Corpo de Bombeiros.
Em São Paulo, o acompanhamento ficou a cargo da Polícia Militar, que posicionou viaturas ao longo dos quarteirões mais movimentados da Paulista. Em nota, o comando da corporação informou que não ocorreram prisões e que a manifestação terminou sem incidentes graves. No Rio, guarda-vidas e agentes de trânsito reforçaram as equipes de patrulhamento em Copacabana.
Reflexos políticos imediatos
Lideranças do Partido Liberal viram nas manifestações uma oportunidade de manter a pauta de oposição viva durante o recesso parlamentar. Aliados pretendem apresentar requerimentos de informação sobre as sanções norte-americanas a Moraes e sobre o impacto do tarifaço nos cofres públicos. Já parlamentares governistas minimizaram os protestos, classificando-os como “ato político-eleitoral” e afirmando que o Executivo segue focado em programas sociais e na agenda econômica.
Nos bastidores, correligionários de Michelle avaliam que sua participação em eventos regionais amplia o alcance do PL entre eleitores do Norte, tradicionalmente menos mobilizados em atos de rua do partido. A sigla prevê novos encontros do PL Mulher ainda neste semestre, em capitais do Nordeste e do Centro-Oeste.
Ainda que sem previsão de discursos formais no Congresso, o clima de tensão entre Executivo, Judiciário e oposição deve permanecer em pauta. Os protestos deste domingo indicam que a base conservadora continua ativa e disposta a contestar medidas consideradas abusivas. Com a aproximação do calendário eleitoral municipal de 2026, analistas esperam intensificação de atos de rua, especialmente em datas emblemáticas, como 7 de Setembro.
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