Monarquias absolutistas continuam a existir em pleno século XXI, reunindo num único governante os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, sem necessidade de prestar contas a parlamentos ou plebiscitos. O modelo, que dominou a política mundial até o século XIX, sobrevive hoje em seis Estados soberanos e preserva a lógica da sucessão hereditária, a força de clãs familiares e a justificativa do direito divino.
Conceito e raízes históricas
Em uma monarquia absolutista, o rei ou sultão atua como chefe de Estado e de governo, controlando exército, finanças e política externa. A autoridade não é limitada por constituições, cortes ou assembleias. O especialista em Relações Internacionais Renato de Almeida lembra que “o aspecto crucial é a concentração do poder no monarca e em sua família, que domina os cargos-chave do país”.
Entre os séculos XVI e XIX, esse formato representou a referência de força militar e expansão territorial. O exemplo mais citado é Luís XIV, da França, cujo reinado de 72 anos (1643-1715) permanece o mais longo da Europa. Conhecido como Rei Sol, ele teria proferido a frase “O Estado sou eu”, símbolo da ideia de que todas as instâncias de governo emanavam da pessoa do soberano. O luxo de Versalhes e a rígida etiqueta da corte refletiam a centralização do poder e a intenção de reforçar a hierarquia social.
A legitimidade do regime era sustentada pelo chamado direito divino dos reis: o monarca era visto como escolhido por Deus, imune a questionamentos humanos. A proximidade entre coroa e Igreja reforçava a noção de que resistir à autoridade equivalia a afrontar a vontade divina.
Participação popular e estabilidade interna
Com o poder concentrado, a participação dos cidadãos fica restrita. De acordo com Almeida, manter a ordem interna exige que o governo preserve a sensação de segurança e bem-estar em parcela significativa da população. Rebeliões e tensões sociais podem surgir quando o equilíbrio entre autoridade e benefícios se rompe, algo observado em várias monarquias ao longo da história europeia e latino-americana.
No entanto, o modelo ainda encontra respaldo onde a estrutura tribal ou clânica prevalece. A advogada internacionalista Talita Dal Lago Fermanian observa que laços de parentesco formam a base de muitos sistemas políticos no Oriente Médio, facilitando a continuidade de dinastias no comando do Estado.
Seis países mantêm o absolutismo
Dos 43 reinos existentes no mundo, somente seis permanecem absolutistas:
- Arábia Saudita
- Brunei
- Omã
- Catar
- Emirados Árabes Unidos
- Suazilândia (Eswatini)
Esses governos centralizam decisões militares, econômicas e judiciais no soberano e em seu círculo familiar. Partidos políticos, quando tolerados, têm alcance limitado. A influência religiosa é marcante, principalmente na península Arábica, onde a interpretação da lei islâmica sustenta a autoridade do rei ou emir. Ocorrências de perseguição a opositores e censura são relatadas por organizações internacionais, resultado direto da baixa participação popular.


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Imagem: Reuters
Monarquias parlamentaristas formam a maioria
Ao contrário do absolutismo, cerca de 37 Estados adotam monarquia parlamentarista. Nesses casos, o rei exerce função simbólica e o poder efetivo cabe a parlamentos e primeiros-ministros eleitos. Reino Unido, Suécia, Japão, Espanha, Bélgica, Noruega, Marrocos e Tailândia estão nesse grupo, comprovando que coroa e democracia podem coexistir desde que as atribuições sejam claramente delimitadas.
Enquanto modelos parlamentares buscam equilíbrio institucional, as monarquias absolutistas preservam a lógica histórica de autoridade indivisível. Para alguns analistas, essa configuração facilita decisões rápidas em defesa da soberania e dos interesses nacionais, embora limite a voz popular. Já críticos argumentam que a ausência de freios e contrapesos favorece arbitrariedades.
O debate sobre a pertinência do absolutismo segue vivo, especialmente em regiões onde tradições tribais e religião se entrelaçam com o exercício do poder. Embora minoritário, o regime demonstra resiliência ao combinar legitimidade histórica, estrutura familiar coesa e, em alguns casos, abundância de recursos naturais que sustentam a administração centralizada.
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Em síntese, a monarquia absolutista mantém sua presença em seis nações, concentrando poder no soberano, sustentada por tradição, religião e laços de sangue. Continue acompanhando nossos destaques e receba análises objetivas sobre geopolítica e governança.
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