Milhares de brasileiros começaram a ocupar a Avenida Paulista na manhã deste domingo, 3 de agosto, para protestar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Convocado por parlamentares da oposição, o ato tem concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e promete se estender ao longo da tarde.
Sanções de Trump funcionam como estopim
A mobilização ganhou força depois que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu Moraes em uma lista de indivíduos punidos pela Lei Magnitsky. A medida, que prevê bloqueio de bens e restrições de visto, foi recebida pelos oposicionistas como reconhecimento internacional de supostos abusos do magistrado brasileiro. Nas redes sociais, congressistas ligados à direita associaram as sanções ao “tarifaço” recentemente aprovado pelo governo Lula, formando um discurso unificado contra o Palácio do Planalto e o STF.
De acordo com os organizadores, o objetivo é pressionar as instituições por mais liberdade política, exigir “Anistia já” para investigados nos inquéritos do 8 de Janeiro e reforçar o pedido de afastamento de Moraes. Faixas com os dizeres “Fora Moraes” e “Fora Lula” dominam a paisagem na principal via paulistana, acompanhadas de camisetas verde-amarelas, apitos e bandeiras do Brasil.
Presença de parlamentares impulsiona adesão
O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) foi um dos primeiros a convocar o ato. “Está em nossas mãos mudar o Brasil”, escreveu em mensagem divulgada no X (antigo Twitter). O parlamentar pediu que a população ocupasse ruas e praças em todo o país para rejeitar, segundo ele, a escalada autoritária do Supremo e a política econômica de Lula.
No Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou a pauta em evento paralelo na Praia de Copacabana. “Perdemos nossa liberdade aos poucos, normalizando perseguições e fingindo que está tudo normal”, declarou. Para o congressista, os protestos desta data “estarão nos livros de história” como reação popular à perda de garantias constitucionais.
Outro nome de destaque, o deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL-MG), pediu aos apoiadores que não subestimem a importância das manifestações. Durante entrevista a um programa on-line na sexta-feira, 1.º, ele ressaltou que a esquerda manteve Lula na vitrine eleitoral por mais de uma década até reconduzi-lo ao Planalto, argumento usado para motivar a militância conservadora a permanecer atuante nas ruas.
Protestos ocorrem em 20 unidades da Federação
Embora a Avenida Paulista concentre o maior fluxo, atos simultâneos estão confirmados em pelo menos 20 unidades federativas. Capitais do Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte têm pontos de encontro definidos por grupos locais. Entre os Estados com mobilização registrada estão Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, Alagoas, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal.
Em São Paulo, a administração pública informou ter preparado um esquema de interdição parcial da avenida a partir das 13 h. A Polícia Militar mobilizou efetivo adicional para garantir a segurança e evitar confrontos, enquanto a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) recomendou rotas alternativas aos motoristas.
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Pautas centrais: anistia, economia e Judiciário
Três eixos resumem as reivindicações: anistia a réus e investigados pelo 8 de Janeiro, recuo no aumento de impostos e contenção do que os manifestantes chamam de “interferência judicial” em temas políticos. As críticas a Moraes incluem alegações de censura a parlamentares, bloqueio de contas em redes sociais e prisões preventivas prolongadas sem sentença definitiva.
Quanto ao governo federal, o foco é o pacote fiscal que elevou tributos sobre setores estratégicos. Para os participantes, a carga tributária compromete a recuperação econômica e pune a classe média. As falas no carro de som reforçam que “o agro, a indústria e o comércio não podem pagar a conta da má gestão pública”.
Expectativa de resultado político
Embora o protesto não conte com apoio formal de partidos além do PL e legendas aliadas, líderes oposicionistas veem na adesão popular um termômetro para o segundo semestre legislativo. Projetos que restringem poderes do STF ou reduzem a carga tributária podem ganhar fôlego caso a mobilização se traduza em pressão sobre o Congresso.
Até o início da tarde, não havia registro de incidentes graves. A organização estima que o público passe de dezenas de milhares apenas na Paulista, número que deve crescer conforme caravanas de outras cidades chegam ao local. A previsão é de encerramento por volta das 18 h, com execução do Hino Nacional e leitura de uma carta destinada aos presidentes da Câmara e do Senado, solicitando votação de propostas que limitem decisões monocráticas no Supremo.
A participação em massa, somada ao respaldo de figuras nacionais, confirma que o descontentamento com o governo Lula e com a atuação de Alexandre de Moraes mantém forte apelo entre segmentos conservadores do eleitorado. Os próximos passos dependerão da resposta institucional e da capacidade de articulação dos parlamentares que lideram a pauta.
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