O presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, apresentou nesta segunda-feira (4) seu pedido de demissão ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Sidônio Palmeira. A saída, comunicada logo ao início do expediente, surpreendeu servidores da estatal e deixou a principal estrutura de mídia do governo federal sem definição imediata de sucessor.
Pedido de desligamento formalizado
A decisão foi confirmada pelo próprio Jean Lima em declaração concedida ao jornal Folha de S.Paulo. Segundo o dirigente, o pedido foi entregue diretamente a Sidônio Palmeira, a quem ele se colocou à disposição para conduzir a transição. Lima não sugeriu nomes nem indicou preferências para o cargo que deixa vago.
Sem comando definido, a EBC aguarda a escolha de um novo presidente. Até a oficialização de um substituto, a rotina administrativa permanece sob responsabilidade da diretoria, conforme o estatuto da empresa. O Ministério da Secom ainda não divulgou prazo nem critérios para preencher a função.
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Papel estratégico da EBC
Vinculada à Secom, a Empresa Brasil de Comunicação controla veículos como a TV Brasil e emissoras de rádio, além de portais de conteúdo público. A estatal é considerada peça central na estratégia de comunicação institucional do Palácio do Planalto. Nos bastidores do governo, a TV Brasil tem sido tratada como ferramenta relevante para recuperar apoio popular, após pesquisas apontarem desgaste na imagem da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Jean Lima havia assumido a presidência em dezembro de 2023, sucedendo Hélio Doyle. Doyle fora exonerado em outubro do mesmo ano, depois da repercussão negativa de publicações nas redes sociais com críticas a apoiadores de Israel. À época, Paulo Pimenta comandava a Secom, e Lima ocupava o posto de diretor-geral da EBC.
Trajetória recente da estatal
Criada em 2007, no segundo mandato de Lula, a EBC atravessou diferentes fases em governos posteriores. Durante a administração de Jair Bolsonaro (PL), a empresa chegou a ser incluída no programa de privatizações. Em abril de 2023, já no atual governo petista, Lula revogou a decisão por decreto, retirando a estatal da lista de desestatização.
Com a posse de Sidônio Palmeira no comando da Secom em janeiro deste ano, a pasta passou a revisar projetos e conteúdos da EBC. Em junho, o ministro visitou estúdios em Brasília para reuniões com a diretoria, indicando alinhamento prioritário entre comunicação governamental e a grade da TV Brasil.
Sem sucessor anunciado
A saída de Lima exige definição rápida de um novo presidente a fim de manter a continuidade de contratos, transmissões e produção jornalística. Funcionários relataram que foram informados sobre o pedido de demissão logo no início da manhã. Entretanto, até o momento, não houve divulgação de listas internas ou sondagens públicas de possíveis nomes.
O estatuto da EBC estabelece que a nomeação do presidente cabe ao presidente da República, após indicação do ministro da Secom e aprovação do Conselho de Administração da estatal. Até a conclusão do processo, diretores permanecem responsáveis por decisões operacionais.
Contexto político
A demissão ocorre no momento em que o governo discute estratégias para ampliar presença em mídias tradicionais e digitais. A perda de apoio popular registrada em levantamentos recentes foi motivo de alertas dentro da Secom. Nesse cenário, a EBC exerce papel de difusão de mensagens oficiais, transmissões de eventos do Executivo e cobertura de agendas presidenciais.
Embora tenha manifestado “confiança no sucesso” do governo Lula ao deixar o cargo, Jean Lima não detalhou razões específicas para a decisão. Tampouco mencionou divergências internas ou pressões políticas. A formalização do pedido coloca a responsabilidade pela indicação do próximo presidente diretamente sobre Sidônio Palmeira e o Palácio do Planalto.
A substituição deverá levar em conta experiência em gestão de comunicação pública, alinhamento estratégico com a Secom e capacidade de executar projetos de expansão de audiência da TV Brasil e demais veículos da empresa. Até lá, o quadro de incerteza pressiona a administração da estatal a manter a produção habitual sem comprometer cronogramas nem transmissões.
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