David Betz, docente de Guerra no Mundo Moderno no King’s College London, afirma que Europa Ocidental e Estados Unidos já atravessam um estágio crítico que pode desaguar em conflitos violentos caracterizados como guerra civil.
Fragmentação cultural e colapso de expectativas
Em diversos artigos acadêmicos e entrevistas, Betz sustenta que a combinação de divisões identitárias profundas e desconfiança nas instituições faz do Ocidente um terreno fértil para a violência interna. Segundo ele, a literatura sobre conflitos aponta que guerras civis emergem quando a coesão social se perde, fenômeno que hoje se agrava por políticas voltadas a grupos específicos e pela erosão de uma identidade nacional comum.
O professor destaca a chamada “lacuna de expectativa”. Por décadas, famílias ocidentais acreditaram que seus filhos desfrutariam de maior prosperidade. Esse pacto social, argumenta Betz, foi quebrado. Jovens ganham menos, acumulam menor poupança e enfrentam custos de vida em alta, enquanto governantes insistem em agendas que, muitas vezes, aprofundam a desigualdade.
Esse distanciamento alimenta o sentimento de que “votar não muda nada”. Pesquisas citadas por Betz revelam que, quando a vontade popular diverge dos interesses de elites políticas, prevalecem as elites. Para o professor, essa percepção cria um reservatório de insatisfação pronto para explodir quando surgir uma liderança disposta a canalizar a revolta.
Infraestrutura vulnerável e tática da “guerra suja”
Na avaliação de Betz, a guerra civil contemporânea não se parecerá com frontas convencionais do passado. Ele projeta uma fase inicial de “guerra suja”, com ataques pontuais a figuras públicas e sabotagem de infraestrutura crítica – energia, transportes, telecomunicações e distribuição de gás. Cidades ficariam vulneráveis a cortes de luz e aquecimento durante o inverno, cenário que provocaria êxodo em massa e ampliaria o recrutamento de novos combatentes.
O docente relembra distúrbios registrados em Londres em 2011 para ilustrar o que poderia ocorrer de forma reiterada, porém em escala muito maior. Ele calcula tumultos urbanos dez ou vinte vezes superiores, repetindo-se a cada duas semanas nos meses mais frios. Populações no escuro, com frio e sem recursos acabariam, segundo ele, com “custos de oportunidade reduzidos”, transformando-se em força motriz para movimentos violentos.
Probabilidade estatística aponta alto risco
Valendo-se de modelos quantitativos citados na literatura de conflitos, Betz indica 4% de chance anual de uma guerra civil em Estados que apresentem as condições atuais de fragilidade institucional, fragmentação social e crise econômica. Em um intervalo de cinco anos, o risco acumulado chega a 18,5%. Quando o cálculo considera uma dezena de nações ocidentais submetidas ao mesmo contexto, a possibilidade de ao menos uma delas entrar em conflito civil ronda 87%.
Reino Unido e França encabeçam a lista dos países mais suscetíveis, em razão de tensões urbanas intensas, longa estagnação econômica e deterioração da confiança na classe dirigente. Estados Unidos, Alemanha e outros membros da União Europeia também exibem, para Betz, sinais semelhantes.
Governos focados em ameaças externas ignoram perigo interno
O professor critica a insistência de governos e forças armadas ocidentais em concentrar planejamento militar em cenários de guerra interestatal contra adversários externos. Na sua visão, a prioridade deveria ser a defesa da própria coesão social, bem como o reforço da proteção de redes de energia, transporte e comunicação localizadas fora dos centros urbanos.


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Imagem: Desirée Peñalba
Ele considera insuficientes as atuais políticas econômicas e de segurança pública. Em artigo recente, Betz lembra que a fragilidade de infraestruturas urbanas e a falta de mecanismos de resposta rápida potencializam o risco de colapso funcional. A continuidade desse quadro, afirma, pode transformar centros metropolitanos em zonas de insurgência.
Perigo interno supera ameaças externas
Para Betz, a maior ameaça ao Ocidente é doméstica. A desintegração social, se não contida, pode derrubar a estabilidade que sustentou o crescimento das últimas décadas. O professor reitera que vê o processo como praticamente irreversível, apontando que já teríamos ultrapassado o ponto de inflexão.
Suas conclusões colocam em debate a necessidade urgente de restaurar a confiança pública, conter a expansão de políticas identitárias que aprofundam divisões e redirecionar recursos para proteger a infraestrutura vital. Ignorar esses fatores, alerta o especialista, abrirá caminho para uma escalada de violência cuja abrangência ainda não foi compreendida por elites políticas.
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Em síntese, o pesquisador britânico sustenta que condições econômicas adversas, fragmentação cultural e perda de legitimidade institucional criam um ambiente explosivo. A advertência serve de alerta para governos que, segundo ele, ainda subestimam o risco de ver conflitos internos substituírem as tradicionais guerras entre Estados. Fique atento às próximas atualizações e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate sobre a segurança do Ocidente.
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