O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), divulgou vídeo nas redes sociais questionando o silêncio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre dois temas que dominam o noticiário da semana: as sanções do chamado Magnitsky Act contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o aumento de tarifas aplicado pelos Estados Unidos a determinados produtos brasileiros. No vídeo, o parlamentar ironizou: “Será que ele foi sequestrado?”
Ironia petista mira silêncio sobre sanções e tarifas
No conteúdo divulgado, Lindbergh Farias cobrou um posicionamento do governador a respeito da inclusão de Moraes na lista de punições norte-americanas e do impacto do novo tarifaço sobre a economia paulista. O deputado afirmou não ter visto declarações recentes de Tarcísio e questionou: “Alguém sabe a posição dele sobre a absurda sanção contra o ministro? E sobre o tarifaço?”
As sanções, amparadas pelo Global Magnitsky Human Rights Accountability Act, foram confirmadas por ordem executiva do ex-presidente Donald Trump. Já o pacote tarifário, que eleva impostos de importação dos Estados Unidos sobre uma série de produtos brasileiros, preocupa principalmente o setor exportador paulista, maior polo industrial do país.
Governo de São Paulo reforça socorro a empresas
No mesmo dia em que as cobranças do PT ganharam repercussão digital, a administração paulista anunciou a ampliação de medidas emergenciais para atenuar o efeito das tarifas. O Estado dobrará de R$ 200 milhões para R$ 400 milhões o valor disponível em linhas de crédito subsidiado destinadas a empresas exportadoras. O reforço será concedido por meio da Desenvolve SP, agência de fomento vinculada à Secretaria da Fazenda e Planejamento.
De acordo com técnicos da pasta, os recursos terão juros reduzidos e prazos alongados para capital de giro e investimentos, focando indústrias de médio e grande porte que mantêm cadeias produtivas no território paulista. A estimativa da equipe econômica local aponta risco potencial de perda de até 120 mil empregos diretos caso não haja compensações imediatas.
Divergência com Eduardo Bolsonaro expõe racha na direita
Enquanto o governador mantém discrição, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) defendeu publicamente tanto as sanções contra Moraes quanto a adoção das tarifas. Nas redes, o parlamentar classificou como “única saída” a negociação por anistia e criticou a iniciativa do governo paulista de buscar diálogo com a embaixada dos Estados Unidos. Em postagem recente, depois de Tarcísio mencionar a possível eliminação de milhares de postos de trabalho, Eduardo respondeu que era “hora de tirarem os adultos da sala”.
A troca de farpas evidencia diferentes estratégias dentro do campo conservador. Enquanto o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro aposta na pressão externa ao Supremo e na confrontação comercial, Tarcísio foca em amortecer danos à economia estadual por meio de incentivos financeiros e diplomacia direta com autoridades americanas e empresários.
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Imagem: Reprodução via oglobo.globo.com
Sanção a Moraes eleva tensão institucional
A inclusão de Alexandre de Moraes nas punições do Magnitsky Act representa passo atípico na relação Brasil-Estados Unidos. A legislação, criada para responsabilizar estrangeiros acusados de violar direitos humanos ou participar de corrupção, congela eventuais bens em solo americano e veda entrada do alvo no país. A medida foi saudada por setores que questionam decisões do ministro no âmbito dos inquéritos sobre 8 de janeiro, mas provocou reação de aliados do Palácio do Planalto, que consideram a iniciativa ingerência em assuntos internos.
Nesse contexto, a cobrança do PT funciona como tentativa de associar Tarcísio às críticas contra Moraes e às consequências do tarifaço, sobretudo pensando na disputa eleitoral de 2026. O governador, por sua vez, mantém agenda voltada à gestão, evitando embates públicos que possam desgastar sua imagem junto ao empresariado.
Próximos passos
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo pretende detalhar, nas próximas semanas, critérios para acesso aos R$ 400 milhões em crédito. Também está prevista rodada de reuniões com a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil para discutir caminhos diplomáticos que minimizem a sobretaxa sobre manufaturados paulistas.
Enquanto isso, membros da ala petista devem intensificar cobranças nas redes e no Congresso. O embate verbal indica que, além da disputa econômica, o episódio se transformou em campo de batalha político que envolve STF, governo estadual, Planalto e bancada conservadora na Câmara.
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