São Paulo – O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), confirmou presença na manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcada para este domingo, 3 de agosto, na Avenida Paulista. A participação reforça o movimento do chefe do Executivo municipal para se alinhar ao eleitorado bolsonarista, a poucos meses das eleições de outubro.
Prefeito ganha protagonismo sem Tarcísio
O ato ocorre sem a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O titular do Palácio dos Bandeirantes passará por um procedimento médico no Hospital Albert Einstein, na zona oeste da cidade, no mesmo horário da mobilização. Com a ausência do governador, Nunes assume o principal posto de autoridade presente no evento e deve ocupar espaço de destaque no carro de som.
Esta será a terceira vez que o prefeito comparece a uma manifestação convocada pelo núcleo duro do bolsonarismo desde 2022. Em abril deste ano, Nunes discursou no palanque ao lado do pastor Silas Malafaia, organizador do encontro, e foi tratado como anfitrião. Já em 29 de junho, optou por não participar, medida que gerou críticas de aliados do ex-presidente. A decisão de agora foi tomada em 25 de fevereiro, após reuniões internas da pré-campanha que avaliam o apoio de eleitores ligados à direita como fundamental para a reeleição.
Durante a campanha de 2022, Nunes alternou gestos de simpatia e distanciamento em relação a Bolsonaro. Parte do público conservador apoiou o empresário Pablo Marçal (PRTB) e expôs dúvidas sobre o compromisso do atual prefeito com pautas defendidas pela direita. O cenário se modifica com a presença reiterada do emedebista nos atos, vista como sinal concreto de alinhamento.
Manifestação pede anistia e critica o STF
Com o slogan “Reaja, Brasil”, esta é a oitava mobilização organizada por apoiadores de Bolsonaro desde que ele deixou a Presidência. A principal reivindicação é a anistia dos presos pelos eventos de 8 de janeiro, além de críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos envolvendo o ex-mandatário.
Faixas, cartazes e discursos prometem cobrar posicionamento de parlamentares sobre a proposta de anistia atualmente discutida no Congresso. Estão previstas menções ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e protestos contra decisões judiciais que, segundo os organizadores, limitam a liberdade de expressão.
Embora seja homenageado, Jair Bolsonaro não comparecerá. Ele cumpre medidas cautelares impostas por Moraes que o impedem de sair de casa aos fins de semana. O ex-presidente deve acompanhar a manifestação por videoconferência, repetindo o formato adotado em encontros anteriores.
Contexto político e expectativas eleitorais
A ida de Nunes consolida a tentativa de construir ponte com a base conservadora, movimento considerado estratégico para enfrentar o deputado Guilherme Boulos (PSOL) na corrida pelo comando da capital. Durante o 7 de setembro de 2023, o prefeito chegou a subir rapidamente em um trio elétrico, posou para fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro e deixou o local sem discursar, fato explorado por adversários que o apelidaram de “bolsonarista envergonhado”.
Desta vez, aliados afirmam que Nunes deve ter participação mais longa, embora ainda não haja confirmação oficial sobre fala ao microfone. A avaliação é de que a ausência de Tarcísio, líder com forte apelo entre conservadores, abre espaço para o prefeito se projetar diretamente junto à militância.
Além do foco na anistia, o ato ocorre em meio à repercussão da aplicação, em 30 de julho, da Lei Magnitsky pelo governo dos Estados Unidos contra Moraes. A sanção impede a entrada do ministro em solo norte-americano e bloqueia eventuais transações financeiras com empresas do país. O episódio deve ser citado pelos oradores como exemplo de pressão internacional sobre o magistrado.
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Logística, segurança e participação popular
A Polícia Militar espera público semelhante ao registrado em abril, quando milhares de pessoas ocuparam vários quarteirões da Avenida Paulista. Grades de contenção, bloqueios no trânsito e equipes de pronto-atendimento foram posicionados ao longo da via desde as primeiras horas da manhã. Até o momento, não há previsão de interdições prolongadas no metrô ou em corredores de ônibus.
Grupos de motociata também confirmaram presença, enquanto caravanas vindas do interior paulista e de estados vizinhos organizam horários de chegada para evitar congestionamentos. Empresários alinhados ao movimento libertaram funcionários para participar do ato, segundo comunicados que circulam em redes sociais.
Em nota, a Prefeitura informou que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Guarda Civil Metropolitana atuam de forma integrada para garantir ordem e fluidez. A administração municipal reforçou que a participação de Nunes se dará “como cidadão e autoridade que respeita a livre manifestação popular”.
Próximos passos
Após o ato, o prefeito deve retomar agenda administrativa na segunda-feira, quando tem reuniões marcadas com secretários sobre projetos de infraestrutura. Internamente, aliados contam avaliar o impacto da participação na intenção de voto nas próximas pesquisas. Já os organizadores bolsonaristas pretendem usar o resultado da mobilização para pautar deputados federais e senadores favoráveis à anistia, pressionando pela tramitação célere da proposta.
Com a confirmação de Nunes e a ausência de Tarcísio, a manifestação deste domingo amplia o protagonismo do prefeito na cena política conservadora paulistana e aponta para novas composições no tabuleiro eleitoral de 2024.
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