A organização não-governamental Fundasaun Mahein (FM) voltou a chamar a atenção dos cidadãos de Timor-Leste que trabalham fora do país para a necessidade de cumprir rigorosamente as normas de migração, as regras trabalhistas e os costumes das nações que os acolhem. A nota foi divulgada nesta segunda-feira e reforça a importância da adaptação cultural como meio de preservar a imagem do Estado timorense e evitar sanções coletivas contra toda a comunidade.
Apelo pelo cumprimento das leis locais
No comunicado, a FM declara apoiar a saída de mão de obra timorense para o exterior, desde que cada trabalhador observe a legislação do país anfitrião, mantenha comportamento compatível com a ordem pública e respeite tradições locais. Para a entidade, o desconhecimento das normas de imigração e trabalho tem gerado problemas recorrentes, culminando em medidas restritivas como a decisão britânica, em 2023, de revogar a isenção de vistos para timorenses em razão de violações identificadas pelas autoridades de Londres.
A FM alerta que parte dos emigrantes embarca já com intenção de permanecer irregular, sem qualquer preparação sobre geografia, economia ou costumes do destino escolhido. Esse cenário, segundo a ONG, contribui para alimentar movimentos políticos contrários à imigração na Europa e na América do Norte, fortalecendo estereótipos negativos sobre migrantes não ocidentais.
Práticas levadas por alguns grupos, como lutas de galos e confrontos entre artes marciais, são citadas como exemplos de conduta que reforça narrativas de desrespeito ao Estado de Direito e à proteção animal. A entidade avalia que tais episódios ganham repercussão desproporcional na imprensa estrangeira e acabam colocando toda a comunidade timorense sob suspeita.
Propostas de integração e responsabilidade do governo
Para minimizar riscos, a FM recomenda que as embaixadas de Timor-Leste instaladas em países com grande concentração de emigrantes adotem ou ampliem programas de integração cultural. A sugestão envolve inclusive o uso de grupos de WhatsApp para repassar informações claras sobre obrigações legais, direitos laborais e expectativas sociais. A fundação argumenta que instrução prévia e acompanhamento contínuo preservam o trabalhador, reduzem infrações e consolidam a reputação internacional do país.
Embora reconheça que as remessas enviadas pelos expatriados sustentem milhares de famílias, a organização demonstra preocupação com o êxodo de jovens qualificados. Na avaliação da FM, o fluxo maciço de mão de obra revela falha do governo em consolidar uma economia robusta e gerar postos de trabalho internos. Sem oportunidades, boa parte da população economicamente ativa opta por buscar renda no exterior, provocando fuga de cérebros e redução da força produtiva doméstica.
Números da migração timorense
Dados da Organização Internacional para as Migrações, referentes a 2020, apontam cerca de 50 mil timorenses vivendo fora do território nacional, principalmente na Austrália, Indonésia e Reino Unido. Na Austrália, a Secretaria de Estado da Formação Profissional e Emprego registrou 13.295 trabalhadores no início de 2024. Na Coreia do Sul, o número alcançou 5.868.
O contingente no Reino Unido é motivo de divergência. A Embaixada timorense em Londres estima mais de 20 mil residentes, enquanto o Office for National Statistics contabiliza aproximadamente dois mil, a maioria com cidadania portuguesa. Na Irlanda do Norte, o censo de 2021 registrou 2.874 pessoas oriundas de Timor-Leste, sinalizando crescimento expressivo da colônia local.
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Imagem: Internet
Impacto social e necessidade de ação imediata
A FM frisa que a continuidade de práticas ilegais no exterior pode resultar em políticas migratórias ainda mais restritivas, prejudicando trabalhadores que atuam de forma correta. A entidade ressalta que respeito à lei, disciplina no ambiente laboral e integração cultural são obrigações individuais, mas também dependem de orientação institucional. Por essa razão, pede maior empenho das representações diplomáticas timorenses e planejamento governamental para criar vagas internas capazes de reter talento e iniciativa empreendedora.
Ao mesmo tempo, a fundação sustenta que a reputação internacional de Timor-Leste, construída sobre valores democráticos e Estado de Direito, não pode ser arranhada por parcela minoritária que descumpre normas básicas de convivência. A organização enxerga na adoção de programas educativos, antes e depois da partida dos trabalhadores, a ferramenta mais eficaz para evitar conflitos, reduzir preconceitos e proteger direitos dos emigrantes que atuam dentro da legalidade.
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Em síntese, a Fundasaun Mahein cobra rigor no cumprimento das leis de migração e trabalho, defende integração cultural e responsabiliza o governo timorense por criar condições internas de emprego. Se você conhece alguém que planeja trabalhar no exterior, compartilhe este conteúdo e reforce a importância de viajar preparado e dentro da legalidade.
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