Brasília, 6 de outubro de 2025. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve, na manhã desta segunda-feira, um telefonema de cerca de 30 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na conversa, o chefe do Executivo brasileiro solicitou a revogação imediata do tarifaço de 50% aplicado a produtos nacionais e pediu o cancelamento das medidas restritivas que alcançam autoridades brasileiras, entre elas o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Pedido direto para remover sobretaxas de 50%
Lula reiterou argumentos já defendidos por sua equipe econômica: o Brasil figura entre os três países do G20 que apresentam déficit comercial de bens e serviços em relação aos EUA, ao lado de Reino Unido e Austrália. A sobretaxa, instituída por Trump como resposta ao que classificou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atinge diversos segmentos brasileiros, excetuando setores estratégicos, como o aeroespacial, que mantém tarifa reduzida de 10%.
Segundo nota do Palácio do Planalto, o líder norte-americano ouviu as ponderações e designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para tratar do tema com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o titular da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa é avançar nas tratativas “o mais rápido possível”, conforme o comunicado.
Suspensão de sanções a autoridades brasileiras
Além das tarifas, Lula solicitou a retirada das sanções financeiras impostas a Alexandre de Moraes e a reversão da cassação de vistos de auxiliares de governo. As punições, adotadas após intensa articulação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, incluem bloqueio de ativos em solo americano e restrições de viagem para assessores palacianos.
A Casa Branca confirmou a pauta, informando que “todas as solicitações brasileiras serão analisadas”, mas sem estabelecer prazo. A administração republicana sustenta que as sanções surgiram diante de “contestações à liberdade política” no Brasil, mencionando processos judiciais contra o ex-presidente Bolsonaro no Supremo.
Encontro presencial em preparação
Os dois presidentes concordaram em marcar reunião face a face nas próximas semanas. Lula sugeriu a Cúpula da ASEAN, prevista para o fim de outubro na Malásia, como ponto de encontro. O Planalto também reiterou convite para que Trump participe da COP30, agendada para 2026 em Belém (PA). O mandatário brasileiro, por sua vez, colocou-se à disposição para viajar a Washington “se necessário para destravar o diálogo”.
A conversa telefônica foi descrita como “amistosa” pelos dois governos. O Planalto ressaltou que Lula e Trump “relembraram a boa química” do breve encontro ocorrido em setembro, em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU. Na ocasião, o republicano declarou ter percebido “excelente clima” com o petista.
Contexto das restrições norte-americanas
O tarifaço de 50% entrou em vigor após denúncias de aliados de Bolsonaro sobre suposta perseguição judicial no Brasil. Entre as medidas, destacam-se:
- Sobretaxas sobre café, aço, calçados, têxtil e agroindústria, excetuando aviação e defesa.
- Revogação de vistos de auxiliares do Planalto obedecendo a lista fornecida por congressistas republicanos.
- Sanções financeiras contra Alexandre de Moraes, com congelamento de bens nos EUA.
Fontes ligadas ao Departamento de Estado indicam que a Casa Branca se mostrou aberta a rever as punições após constatar que as pressões não abalaram o quadro político interno do Brasil nem impediram a confirmação da condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe.
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Imagem: Internet
Próximos passos das negociações
Com Marco Rubio à frente, a diplomacia americana deve retomar contatos formais ainda nesta semana. Alckmin, Vieira e Haddad receberão uma agenda preliminar para checar possibilidades de redução gradual das tarifas. De acordo com interlocutores do Itamaraty, o governo brasileiro pretende comprovar que o déficit comercial justifica a eliminação total das sobretaxas e que as sanções contrariam princípios de respeito à soberania.
A equipe econômica reconhece, porém, que a reversão completa exige sinalização política sobre a situação de Bolsonaro. Parlamentares republicanos querem garantias de que não haverá novo ciclo de processos contra o ex-presidente. O Planalto afirma que não interfere em decisões do Judiciário, mas aposta na aproximação pessoal entre Lula e Trump para destravar a pauta.
Enquanto as delegações trabalham nos detalhes, a expectativa é que Trump anuncie alguma flexibilização antes da Cúpula da ASEAN. Caso isso não ocorra, as negociações continuarão em Washington, com possível visita de Lula à capital americana até o fim do ano.
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Em síntese, o telefonema desta segunda-feira reabriu canais de diálogo direto entre os dois presidentes. Resta saber se a ofensiva de Lula obterá a retirada das sobretaxas e das sanções, temas que afetam exportadores, autoridades brasileiras e o ambiente de negócios bilateral. Continue acompanhando as atualizações e compartilhe esta reportagem para que mais pessoas entendam o impacto dessas negociações.
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