A Esplanada dos Ministérios recebe, nesta terça-feira (7), a “Caminhada pela Anistia”, mobilização liderada pelo pastor Silas Malafaia em defesa da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro de 2023. A concentração está marcada para as 16h, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, e deve contar com a presença de Michelle Bolsonaro, deputados federais e lideranças religiosas.
Objetivo declarado é pressionar o Congresso
Segundo Malafaia, o principal propósito da caminhada é sensibilizar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a incluir ainda nesta semana o projeto de anistia na pauta de votações. O pastor argumenta que a medida representaria uma resposta “rápida e justa” aos que, em sua avaliação, sofrem perseguição política desde o episódio que culminou na depredação das sedes dos Três Poderes.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Malafaia afirmou que o ato é uma reação a manifestações recentes promovidas por artistas alinhados à esquerda. “Não podemos deixar a esquerda dar a última palavra naquela encenação de misturar temas para enganar o povo”, explicou. A expectativa inicial é de pelo menos 5 mil participantes; contudo, organizadores acreditam que a adesão possa superar 10 mil pessoas.
Parlamentares mobilizam bases e evocam histórico da Anistia de 1979
Entre os confirmados estão os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Hélio Lopes (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF). Todos publicaram vídeos chamando apoiadores para a caminhada. Nikolas ironizou ao postar nas redes sociais uma foto de Lula, tirada em 1979, vestindo camisa com a palavra “anistia”. “Que camisa maneira! Lembrou que dia 7/10 às 16h tem caminhada pela anistia em Brasília”, escreveu.
O senador Flávio Bolsonaro reforçou o convite em gravação veiculada no X (antigo Twitter): “Pedimos anistia já para todos os perseguidos políticos. O Brasil só vai pacificar quando virarmos essa página”. O deputado Hélio Lopes, por sua vez, protagonizou oração em frente ao condomínio onde reside o ex-presidente Jair Bolsonaro, pedindo “união e justiça para os injustiçados”.
Caminhada substitui ato de massa
A escolha de uma caminhada, em vez de um protesto tradicional, foi calculada. Malafaia admitiu que manifestações volumosas exigiriam 50 mil participantes ou mais. “Uma caminhada com 10 mil pessoas já terá impacto; a esquerda não reúne 2 mil em Brasília há anos”, declarou. A logística inclui trajeto curto, partindo da Catedral, passando pelo Museu da República e finalizando próximo ao Congresso Nacional.
Para garantir visibilidade, organizadores preparam faixas com mensagens como “Anistia Já” e “Justiça Sem Perseguição”, além de camisetas padronizadas. Carros de som estarão posicionados ao longo do percurso para discursos breves. A segurança ficará sob responsabilidade da Polícia Militar do Distrito Federal, que mobilizará efetivo reforçado para evitar confrontos ou bloqueios de vias não autorizados.
Reação à narrativa de “tentativa de golpe”
Os defensores da anistia contestam a versão de que o 8 de Janeiro constituiu tentativa de golpe. Parlamentares presentes apontam para “falhas na segurança” e “exagero na tipificação dos crimes” como justificativas para rever condenações já impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Eles alegam que muitos réus são cidadãos comuns, sem histórico de violência, punidos de forma desproporcional.
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Imagem: Internet
O movimento busca também capitalizar a insatisfação de parte do eleitorado conservador com decisões recentes do Judiciário. Ao levar familiares de detidos e condenados para a caminhada, os organizadores pretendem humanizar o debate e pressionar congressistas indecisos. A meta é reunir assinaturas suficientes para acelerar a tramitação do projeto, que precisaria de maioria simples em plenário.
Calendário político em disputa
A discussão sobre anistia ocorre em meio a negociações para a formação de blocos parlamentares no segundo biênio da legislatura. Deputados governistas sinalizam que a proposta não avança sem diálogo mais amplo que inclua reparação às vítimas e responsabilização de financiadores. Já a oposição, liderada pelo PL, insiste que qualquer exigência adicional descaracteriza o perdão coletivo.
Analistas veem na caminhada um termômetro da capacidade mobilizadora da direita após as eleições de 2022. Caso o ato alcance a projeção de público, o tema poderá influenciar negociações para as eleições municipais de 2024, servindo de plataforma para pré-candidatos alinhados ao ex-presidente Bolsonaro.
Para acompanhar outros desdobramentos sobre o projeto de anistia e as decisões do Congresso, acesse a seção de Política do nosso site.
Em resumo, a “Caminhada pela Anistia” reúne lideranças religiosas e parlamentares de direita com o objetivo de pressionar a Câmara dos Deputados a votar ainda nesta semana o perdão aos condenados do 8 de Janeiro. Fique atento às atualizações e compartilhe esta notícia com quem se interessa pelo futuro político do país.
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