Brasília — Cem dias depois de projeções que apontavam vitória de Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno, novas análises colocam a direita em posição de vantagem para as eleições presidenciais de 2022. Levantamento do cientista político Antonio Lavareda, citado pela Folha de S.Paulo, mostra que o desempenho nas eleições municipais de 2020 funciona como termômetro das disputas estaduais e federais seguintes. O estudo registrou predominância de candidatos alinhados à direita em 59,2% das cadeiras de vereadores e 54,3% das prefeituras, sinalizando ambiente favorável à reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Direita amplia espaço após a janela partidária
O movimento de troca de partidos na Câmara dos Deputados reforçou o bloco governista. O Partido Liberal (PL), sigla de Bolsonaro, ganhou 40 deputados e passou a contar com 73 parlamentares, tornando-se a maior bancada da Casa. Progressistas (PP) e Republicanos, que também apoiam o presidente, receberam 12 e 15 deputados, respectivamente. Somados, esses acréscimos representam 67 novos quadros em defesa da continuidade do atual governo.
No campo oposto, o Partido dos Trabalhadores (PT) registrou apenas duas filiações. Outras legendas de esquerda encolheram: o PSB perdeu sete deputados; o PDT, oito; o PCdoB, dois; e o PSOL, um. O chamado centro também sofreu baixas. União Brasil — resultado da fusão entre DEM e PSL — perdeu 34 deputados desde a posse. Podemos cedeu três, enquanto PSDB e Solidariedade recuaram em duas cadeiras cada. Cidadania perdeu um parlamentar. Apenas MDB e PSD, comandado por Gilberto Kassab, tiveram saldo positivo, com um e oito deputados, respectivamente.
Pesquisas apontam redução da diferença pró-Lula
Os números mais recentes do instituto PoderData revelam queda consistente na vantagem de Lula em eventual segundo turno. Em setembro de 2021, o petista aparecia 25 pontos percentuais à frente de Bolsonaro; a distância caiu para 12 pontos no levantamento divulgado em março de 2022. A aproximação coincide com fatores econômicos que tendem a beneficiar o governo: superação da crise hídrica, recuo do dólar, criação de milhões de empregos formais, investimentos bilionários em infraestrutura e fortalecimento do Auxílio Brasil.
Na sequência, especialistas observam que, à medida que o calendário eleitoral avança, pesquisas tendem a refletir com maior precisão o clima das ruas. A recuperação gradual de indicadores econômicos pode melhorar a avaliação do governo e, por consequência, elevar a intenção de voto em Bolsonaro.
Mudança de narrativa na imprensa
Em 16 de dezembro de 2021, pesquisa Datafolha indicava possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno com 48% dos votos válidos. Pouco mais de três meses depois, veículos que enfatizavam a inevitabilidade do retorno petista passaram a reconhecer o risco de derrota da esquerda. O próprio título da Folha de S.Paulo — “Esquerda e centro precisam de votos da direita para vencer Bolsonaro” — exemplifica o reajuste editorial.
A nova leitura coincide com o histórico apontado por Lavareda: nas sete eleições presidenciais desde a redemocratização, o padrão verificado nos pleitos municipais se repetiu na esfera federal. Diante do avanço conservador em 2020 e da transferência de prefeitos e vereadores para partidos alinhados ao Planalto, o sinal é de alerta para Lula e seus apoiadores.


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Imagem: Ricardo Stuckert
Projeção para os próximos meses
Com o prazo de registro de candidaturas se aproximando, as articulações partidárias devem intensificar o cenário de polarização. A consolidação do PL como maior bancada e a ampliação do arco de alianças pró-Bolsonaro aumentam a capacidade do governo de influenciar a agenda no Congresso. Por outro lado, a esquerda corre para ampliar palanques estaduais e garantir palcos de campanha.
Economistas e estrategistas políticos monitoram indicadores que podem interferir no humor do eleitorado, como inflação, desemprego e preço dos combustíveis. Caso a tendência de melhora se mantenha, o diagnóstico sugere que Bolsonaro chegará a outubro em situação competitiva, contrariando as previsões de vitória antecipada do adversário.
Para quem acompanha o xadrez eleitoral, vale conferir outras análises da cena política publicadas recentemente.
Em síntese, a combinação de performance municipal favorável à direita, fortalecimento das bancadas governistas e redução da margem de Lula nas pesquisas muda o enredo das eleições de 2022. Resta saber como cada candidatura irá responder aos novos dados. Acompanhe nossas próximas publicações e participe do debate.
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