O homicídio de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, ocorrido na manhã de segunda-feira (15) em Praia Grande, devolveu aos holofotes a discussão sobre o avanço da criminalidade na Baixada Santista. Fontes, que chefiou a corporação entre 2019 e 2022 e investigou atentados atribuídos ao PCC quando dirigia o Deic, foi alvejado em uma emboscada logo após deixar a sede da prefeitura local.
Crime reacende alerta sobre segurança no litoral
De acordo com as primeiras informações, o ex-delegado saía de uma reunião no Paço Municipal quando foi surpreendido por atiradores. O ataque, executado em via pública, reforça a percepção de que facções criminosas continuam tentando consolidar áreas de influência na região. Fontes havia comandado investigações contra o crime organizado em todo o Estado e era reconhecido por adotar estratégias de enfrentamento direto às facções.
A morte do ex-chefe da Polícia Civil ocorre menos de um mês depois do término da Operação Verão, articulada pela Secretaria de Segurança Pública para sufocar atividades ilícitas nas cidades litorâneas durante a alta temporada. Somada à Operação Escudo, realizada no segundo semestre de 2023, a ofensiva resultou em dezenas de prisões, apreensão de armas de grosso calibre e retirada de barricadas erguidas por criminosos.
Derrite detalha “cenário de guerra” encontrado pela Polícia
Na semana anterior ao assassinato, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, já havia comentado publicamente a gravidade da situação no litoral. Durante palestra no Fórum O Otimista Brasil 2025, em 8 de setembro, o capitão e deputado federal descreveu o ambiente enfrentado pelas forças de segurança como um “cenário de guerra”.
Segundo Derrite, policiais militares e civis desmobilizaram 27 barricadas usadas por criminosos como trincheiras improvisadas. “Não é um cenário de paz e tranquilidade”, afirmou. “O que se formava ali era a tentativa de criação de um território paralelo dentro do Estado de São Paulo. Já vimos esse filme em outros locais e sabemos o quanto é prejudicial.”
O secretário enfatizou que o confronto armado representa a última alternativa para as forças estaduais. “Se há alguém que não deseja troca de tiros entre polícia e criminosos, sou eu. É o momento mais triste para quem exerce esta função”, declarou, reforçando que as operações têm como meta restabelecer a autoridade do Estado e preservar vidas de moradores e agentes.
Operações Escudo e Verão: resultados e desafios
Lançada em agosto de 2023, a Operação Escudo mobilizou contingentes da Polícia Militar, Civil e da Scientifica após o assassinato de um soldado da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em Guarujá. A iniciativa se estendeu por semanas, com incursões diárias em comunidades dominadas por facções, apreendendo armamentos e desmontando pontos de venda de drogas.
Já a Operação Verão, iniciada em dezembro de 2023 e encerrada no fim de março de 2024, reforçou o policiamento de rua, intensificou abordagens em rodovias de acesso à Baixada Santista e ampliou a presença de equipes especializadas, como o Comando de Operações Especiais. As duas ações conjuntas resultaram em centenas de prisões e na queda temporária de indicadores criminais, segundo dados parciais divulgados pela pasta.
Apesar dos números divulgados, entidades ligadas a direitos humanos questionaram métodos de abordagem. O governo paulista, por sua vez, sustenta que a resposta firme é necessária diante da escalada da violência, ilustrada pelo uso de barricadas e armamento pesado pelos criminosos.
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Imagem: Internet
Trajetória de Ruy Ferraz Fontes
Nascido na capital, Fontes ingressou na Polícia Civil em 1991. À frente do Deic, coordenou investigações que desarticularam quadrilhas especializadas em ataques a caixas eletrônicos e sequestros. Entre 2019 e 2022, como delegado-geral, priorizou o intercâmbio de informações com a Polícia Militar e o Ministério Público, bem como a modernização de laboratórios periciais. Após deixar o comando da corporação, atuava em consultoria de segurança.
A execução em Praia Grande ainda não teve motivação oficial divulgada. A Polícia Civil paulista abriu inquérito e analisa imagens de câmeras de segurança. Agentes do Departamento de Homicídios (DHPP) foram deslocados para reforçar a apuração.
Próximos passos e impacto político
O assassinato pressiona o governo estadual a manter a política de tolerância zero contra facções, linha defendida por Derrite desde que assumiu a pasta. Parlamentares da bancada de segurança na Assembleia Legislativa solicitaram audiência pública para discutir o episódio e as medidas de prevenção para servidores que atuam em investigações sensíveis.
Ao mesmo tempo, líderes comunitários pedem recrudescimento das ações policiais nos pontos considerados estratégicos para o tráfico. O tema deve dominar a pauta de segurança nas próximas semanas, com possibilidade de novas operações de saturação em áreas mapeadas pelo serviço de inteligência.
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O caso de Ruy Ferraz Fontes ilustra os riscos enfrentados por quem combate o crime organizado e expõe o desafio de impedir que facções criem “territórios paralelos” em São Paulo. Continue acompanhando nossos canais e receba atualizações imediatas sobre segurança pública e ações governamentais.
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