Brasília, 23 de setembro de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou a abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para reiterar críticas ao governo norte-americano. Poucos minutos depois, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, respondeu com um aceno público de aproximação, propondo negociação sobre tarifas aplicadas a exportações brasileiras. O gesto surpreendeu o Palácio do Planalto e põe em xeque a estratégia eleitoral de Lula, baseada no enfrentamento a um suposto “inimigo externo”.
Breve encontro bastidor e proposta de negociação
Antes de subir à tribuna, os dois chefes de Estado tiveram um contato rápido nos bastidores. Trump descreveu o encontro como “positivo” e declarou ter “gostado de Lula”, sugerindo novo diálogo na semana seguinte. O norte-americano mencionou a possibilidade de rever o tarifaço de 50% que incide sobre vários produtos brasileiros, adotado no início de seu atual mandato.
Foi a primeira reunião presencial entre ambos desde o retorno de Trump à Casa Branca em janeiro. Analistas observam que o movimento do republicano reduz a resistência de Lula a uma conversa direta e enfraquece a narrativa de confronto que o governo petista vem promovendo desde julho, ponto central do discurso de reeleição para 2026.
Discurso de Lula reforça rivalidade
No púlpito da ONU, Lula defendeu multilateralismo, soberania nacional e combate a intervenções externas, sem citar Trump nominalmente. Porém, alinhou críticas a posições adotadas pelo governo norte-americano em temas como comércio, clima, imigração e política digital. O presidente brasileiro classificou medidas unilaterais como ameaças à democracia e comparou ações externas a “milícias digitais” que atacariam instituições brasileiras.
Lula também mencionou a condenação de um ex-presidente por tentativa de golpe, apontando a Justiça brasileira como exemplo contra “autocratas”. A referência indireta a Jair Bolsonaro, aliado de Trump, reforçou o contraste que o Planalto busca explorar entre esquerda e direita no cenário internacional.
Sanções a Moraes acentuam tensão bilateral
Na véspera dos discursos, a Casa Branca ampliou sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, estendendo-as à esposa Viviane Barci e ao Instituto Lex. Além disso, revogou vistos de seis assessores de Moraes e do advogado-geral da União, Jorge Messias. As medidas acirraram a já delicada relação entre Brasília e Washington.
Ainda assim, Trump separou o contencioso jurídico de oportunidades comerciais. Ao citar o Brasil na ONU, afirmou que tarifas respondem a “barreiras desleais” e a “interferências” em direitos de cidadãos americanos, mas salientou disposição para um comércio “robusto e justo”, desde que o governo brasileiro demonstre abertura para negociar.
Pontos de choque em clima, imigração e segurança
Em matéria ambiental, Lula cobrou responsabilidade de países desenvolvidos e anunciou a cúpula climática de Belém, em novembro. Trump, por sua vez, minimizou a agenda verde, chamou a energia eólica de “patética” e enfatizou que geração de energia deve gerar lucro.
Sobre imigração, Lula defendeu políticas inclusivas, enquanto o republicano atacou o que classificou como “invasões” nos EUA e na Europa, responsabilizando a ONU por financiar abrigos para migrantes irregulares. Em segurança, Lula criticou a classificação de cartéis como organizações terroristas e a possibilidade de ação militar na Venezuela; Trump sustentou que o uso de força pode ser necessário.


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Imagem: Sílvio RibasBrasília
Efeito doméstico e projeção para 2026
Especialistas como o jurista André Marsiglia avaliam que a sinalização de diálogo feita por Trump dificulta a manutenção do inimigo externo como peça central da campanha petista. A construção de slogans e atos oficiais contra Washington pode perder força se a Casa Branca insistir em gestos conciliatórios.
Nesse contexto, políticos de direita, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), enxergam na postura de Trump uma estratégia para evidenciar contradições do governo Lula, ao mesmo tempo em que pressiona por mudanças nas relações bilaterais.
Enquanto o Palácio do Planalto excluiu os Estados Unidos do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, marcado para 24 de setembro, Trump concluiu seu discurso elogiando a “boa química” com Lula, embora tenha destacado que “as coisas com o Brasil não vão bem” caso tarifas injustas permaneçam. A combinação de advertência e cortesia cria novo cenário diplomático, reduzindo o espaço para o confronto retórico usado pelo PT no debate interno.
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Em resumo, o sinal verde de Donald Trump a uma negociação direta desmonta, ao menos por ora, a narrativa de Lula de enfrentamento ao rival externo. Resta saber se o governo brasileiro ajustará sua comunicação ou insistirá na estratégia que sustenta a campanha de 2026. Acompanhe nossos próximos artigos e mantenha-se informado.
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