O segundo dia de julgamento do general Paulo Sérgio Nogueira na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu um novo front político ao deslocar a responsabilidade por um suposto golpe de Estado para o ex-presidente Jair Bolsonaro. A manobra jurídica, apresentada na quarta-feira (data do julgamento), foi recebida com forte irritação entre parlamentares e assessores próximos ao ex-chefe do Executivo, que acusam o ex-ministro da Defesa de agir de forma oportunista.
Aliados questionam coerência da defesa
O deputado Sanderson (PL-RS) liderou as críticas públicas. Para ele, a argumentação é “suicida”, pois atribui a Bolsonaro toda a articulação golpista sem apresentar provas materiais. “Se o general estava no comando da Defesa e presenciou qualquer tentativa de golpe, por que permaneceu no cargo até 31 de dezembro de 2022?”, questionou o parlamentar.
Nos bastidores, outros aliados classificaram a postura da defesa como “sorrateira” e “desleal”. Depoimentos sob reserva de assessores relatam desconforto inclusive dentro do condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar. Segundo essas fontes, familiares teriam reagido de forma negativa à transmissão da sessão, vendo na estratégia um gesto de traição.
Fora do núcleo familiar, o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten foi à rede social X para acusar “militares do alto escalão” de plantarem teorias conspiratórias no Palácio do Planalto apenas para preservar espaço e privilégios. Embora tenha reafirmado respeito às Forças Armadas, Wajngarten apontou que alguns generais teriam se “deslumbrado” com cargos civis e agora tentam se eximir de responsabilidade.
Defesa tenta dissociar general do “núcleo crucial”
Representado pelo advogado Andrew Fernandes Farias, Paulo Sérgio Nogueira afirmou no plenário virtual que “atuou para demover o presidente de qualquer medida de exceção”. A sustentação baseia-se na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, considerada pela acusação a peça central da denúncia. Segundo a defesa, a delação comprovaria que o general buscou impedir ações contra a Constituição.
Nogueira é um dos oito réus apontados pela Procuradoria-Geral da República como integrantes do chamado “núcleo crucial” do plano golpista. No período investigado, ocupava o Ministério da Defesa e detinha quatro estrelas no Exército, condição que aumenta o peso político do caso. Ao tentar deslocar o foco para Bolsonaro, a estratégia procurou afastá-lo da linha de comando dos supostos atos.
Entre aliados do ex-presidente, a narrativa não convenceu. Dirigentes do PL ponderam que, mesmo que Bolsonaro tenha cogitado qualquer ruptura, caberia ao ministro da Defesa alertar as instituições ou pedir exoneração, e não aguardar a conclusão do mandato. Esse argumento alimenta a percepção de que o general se manteve no cargo para preservar status e agora recorre a uma tática de autopreservação que pressiona politicamente Bolsonaro.
Mourão critica condução do processo
O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão atribuiu a tensão ao que considera um “processo viciado”. Em nota, afirmou que a mesma figura institucional investigou, acusou e agora julga os réus, algo “típico de regimes totalitários”. Mourão não comentou diretamente a tática de Nogueira, mas reforçou o discurso de que o julgamento carece de imparcialidade.
A defesa de Bolsonaro mantém a posição de que o ex-presidente não participou de organização golpista e ressalta que ele estava nos Estados Unidos quando ocorreram os atos de 8 de janeiro de 2023, ponto citado repetidamente pela bancada governista como prova de ausência de comando.


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Imagem: Internet
Impacto institucional e próximos passos
O caso une três esferas sensíveis: militares de alta patente, um ex-chefe de Estado e ministros do STF. A exposição pública de divergências internas dentro do antigo governo reforça a instabilidade política e coloca as Forças Armadas sob escrutínio. Parlamentares de oposição temem que o embate aprofunde a politização da caserna, enquanto juristas veem no embate uma tentativa de transferir responsabilidade entre escalões.
Até o momento, o julgamento revela fissuras entre civis e militares que compuseram a administração passada. O STF marcou continuidade das sessões para terça, quarta e sexta-feira da próxima semana, quando serão analisadas demais peças de defesa e, eventualmente, proferidos os votos dos ministros.
Independentemente do resultado, a estratégia de culpar Bolsonaro já provocou desgaste considerável na base que pretende defendê-lo nos processos em curso. Essa ala avalia que, se outros réus adotarem tática semelhante, a coesão do grupo poderá ficar comprometida.
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Em resumo, a tentativa da defesa de Paulo Sérgio Nogueira de atribuir a Bolsonaro o protagonismo no plano golpista gerou forte reação entre aliados e evidencia as divisões que persistem no campo conservador. Acompanhe nossas atualizações e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate.
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