Brasília, 22 jun. – Condenado no escândalo do mensalão e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu afirmou que cumpriu integralmente suas sentenças e classificou como “cálculo eleitoral” o apoio do Centrão ao projeto de anistia em debate na Câmara dos Deputados. Segundo o petista, a articulação busca manter o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível e, ao mesmo tempo, atrair o voto bolsonarista para o governador paulista Tarcísio de Freitas em 2026.
Dirceu vê estratégia para 2026 e critica possível benefício a Bolsonaro
Em entrevista concedida ao jornal O Globo, Dirceu declarou que a direita possui maioria no Congresso e pode aprovar medidas de interesse próprio, inclusive a anistia. Para ele, a proposta servirá para “resolver o problema” da sucessão presidencial ao deixar Bolsonaro fora da disputa, mas atrair seu eleitorado para um nome alternativo.
O ex-ministro alegou ainda que a movimentação parlamentar inclui autoproteção de deputados sob investigação por supostas irregularidades em emendas e inquéritos da Polícia Federal. Ele apontou como motivos a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal e processos conduzidos pelo ministro Flávio Dino.
Questionado sobre o eventual apoio do governo Lula a um texto mais brando, capaz de reduzir penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro, Dirceu classificou a operação como “inusitada” e “hipocrisia”. Para o petista, se houver apoio a uma anistia parcial, “é porque não querem o Bolsonaro”, mas, na visão dele, as pesquisas indicariam que a sociedade “não quer mais Bolsonaro”.
“Cumpri minha pena; eles não querem cumprir”, afirma o ex-ministro
Dirceu enfatizou diferenças entre o indulto que recebeu da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, após cumprir pena no mensalão, e o projeto de anistia discutido atualmente. “Eu cumpri o fechado, o semiaberto e o aberto”, disse, acrescentando ter passado sete meses a mais em regime fechado do que previa a condenação. Relatou também ter ficado 40 meses preso na Lava Jato, além de um ano usando tornozeleira eletrônica, apesar de as sentenças terem sido posteriormente anuladas.
Sem poupar críticas, o petista acusou os condenados por depredação nos Três Poderes em 8 de janeiro de “assaltar o poder” e arquitetar violência contra autoridades, ao exigir anistia para “ficar impunes”.
Relação governo-Congresso e influência externa
Sobre eventual desgaste entre Palácio do Planalto e Legislativo após a aprovação da urgência à anistia, Dirceu minimizou: “Estamos no governo; é eles quem têm que nos derrotar.” Ele afirmou confiar em parte do MDB e do PSD para manter a governabilidade e projetou que 2026 repetirá o cenário apertado de 2022, com possibilidade de reeleição de Lula.
O ex-ministro também avaliou a eleição norte-americana de 2024 como fator de peso, citando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, como elemento de “desequilíbrio” não pelo apoio direto, mas pela rejeição que suas declarações gerariam no eleitorado brasileiro. Na visão de Dirceu, a direita internacional tentaria impor “interesses” ao Brasil, enquanto o petista rechaçou que eventuais manifestações de Lula em favor da democrata Kamala Harris alterem esse quadro.
Críticas a Eduardo Bolsonaro e cenário econômico
Dirceu defendeu a cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por, segundo ele, “servir a outro país” ao atuar próximo de grupos ligados a Trump. O petista qualificou como “grave” a permanência de Eduardo no mandato.
Sobre economia, o ex-ministro atacou a taxa básica de juros, atualmente em 10,5% ao ano, chamando o Banco Central de “fora da realidade”. Disse não haver justificativa para juros reais perto de 10% e sustentou que o rendimento da dívida pública em patamares tão elevados é inviável.


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Imagem: Internet
Planos políticos e autocrítica
Ao falar sobre futuro, Dirceu confirmou intenção de disputar mandato de deputado federal em 2026. Relatou concluir um livro de memórias e disse que eventual convite para voltar ao Executivo não está em seus planos: “Meu papel é ajudar o Lula na Câmara.”
Quanto aos processos que o levaram à prisão, declarou não ter cometido crime no mensalão e atribuiu seu desgaste na Lava Jato ao trabalho de consultoria que exerceu, reconhecendo que poderia ter se limitado à advocacia.
Em relação à popularidade de Lula, que registra 51% de desaprovação segundo pesquisa Quaest, Dirceu atribuiu o índice ao eleitorado “conservador de direita” e destacou que a aprovação de 46% não seria “um desastre”.
O petista comentou, ainda, que a isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil segue parada na Câmara por “disputa política”, mas avaliou que o ônus recairá sobre quem impedir a votação.
Dirceu finalizou defendendo reforma política e cobrança de impostos sobre “1% mais rico” como caminhos para fortalecer a base do governo no Congresso.
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Em resumo, José Dirceu tenta se afastar da possível anistia que tramita no Congresso, destaca ter cumprido todas as penas e aponta manobra eleitoral para 2026. Continue acompanhando nossos conteúdos e compartilhe a matéria com quem se interessa pelos bastidores da política nacional.
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