Brasília, 14 jun – A série de encontros conduzidos pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Washington, nos Estados Unidos, desencadeou novo desconforto entre partidos de centro e vozes da própria direita. O parlamentar, acompanhado do comentarista Paulo Figueiredo, tem buscado apoio político para a adoção de sanções contra autoridades brasileiras, movimento que, segundo articuladores no Congresso, já provoca reação negativa dentro do Centrão e do Partido Liberal.
Visitas na capital americana elevam debate sobre sanções
Desde o início de junho, Eduardo Bolsonaro manteve reuniões com parlamentares norte-americanos, assessores da Casa Branca, técnicos do Departamento de Estado e do Tesouro. A agenda focou na possibilidade de penalidades dirigidas a figuras do governo e do Legislativo brasileiro, caso se confirmem, na visão do deputado, violações a liberdades individuais.
Nos encontros, o congressista licenciado reiterou que “a liberdade vale mais do que a questão econômica”, frase repetida em entrevistas e redes sociais. A defesa do valor absoluto da liberdade, porém, despertou preocupação entre líderes do Centrão, que calculam possíveis prejuízos diretos a empresas instaladas no país, cadeias de exportação e, por consequência, empregos em território nacional.
Interlocutores que acompanham as tratativas relatam que parlamentares norte-americanos ouviram detalhes sobre supostas ameaças ao Estado de Direito no Brasil e receberam dossiês com pedidos formais de investigação. Não houve, até o momento, confirmação oficial de que sanções estejam em fase de elaboração, mas a simples discussão do tema aumentou a tensão política em Brasília.
Centrão avalia risco político e econômico
Líderes de partidos como PP, Republicanos e União Brasil avaliam que eventual punição financeira ou comercial seria “difícil de explicar” ao eleitor, sobretudo em um ano pré-eleitoral. Segundo um integrante da bancada do Nordeste, eventuais barreiras comerciais “atingiriam diretamente o agronegócio”, base importante da própria direita, comprometendo investimentos e empregos nos estados produtores.
Nas conversas reservadas, dirigentes criticam o que chamam de “estratégia individual” de Eduardo Bolsonaro. Para eles, a pauta internacional não tem respaldo formal do PL e tampouco passou por análise prévia das lideranças partidárias. Um parlamentar do Centrão afirmou que “ninguém quer carregar o ônus de uma sanção que pareça ter sido provocada por um correligionário”.
Relatos vindos da bancada ruralista reforçam a apreensão. Obras de infraestrutura, crédito agrícola e contratos de exportação podem sofrer abalo se Washington decidir restringir negociações. A soma desses fatores já motiva tentativas internas de conter os movimentos do deputado, embora sem confrontos públicos diretos.
Choque com Valdemar Costa Neto expõe fratura no PL
A pressão não se limita ao Centrão. Dentro do PL, o choque entre Eduardo Bolsonaro e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, ganhou corpo. O deputado licenciado reclamou publicamente da falta de apoio do partido, sinalizando descontentamento com a direção nacional. A declaração foi vista como gesto de autonomia que aprofunda o distanciamento entre o clã Bolsonaro e a cúpula da legenda.


IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada




Dirigentes do PL temem que o embate avance para a esfera eleitoral de 2024. A legenda pretende ampliar cadeiras em capitais e municípios estratégicos, objetivo que requer acordos regionais – justamente onde eventuais sanções estrangeiras podem virar tema de campanha. Há receio de que adversários usem a pauta para associar o partido a instabilidade econômica ou risco de isolamento diplomático.
Mencionados presidentes da Câmara e do Senado
O mal-estar ganhou novo capítulo quando Eduardo Bolsonaro incluiu, em suas conversas nos Estados Unidos, os nomes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como alvos potenciais de sanções. Embora a menção não configure pedido formal, bastou para ampliar a resistência silenciosa no Congresso.
Deputados próximos a Lira classificam a citação como “inaceitável” e alertam para o risco de paralisação de pautas de interesse do campo conservador. Senadores ligados a Pacheco enxergam tentativa de “intimidação externa” contra o Parlamento. A avaliação nos bastidores é que qualquer medida punitiva que atinja os comandantes das Casas legislativas repercutirá sobre toda a base.
Alinhamento ideológico x pragmatismo eleitoral
Do ponto de vista ideológico, aliados reconhecem a coerência de Eduardo Bolsonaro ao priorizar bandeiras ligadas à defesa da liberdade de expressão. Porém, parlamentares mais pragmáticos indicam que o timing pode ser desfavorável. Eles lembram que a economia ainda se recupera do impacto da pandemia e que a elevação de juros nos Estados Unidos já pressiona o câmbio, cenário que se agravaria com restrições adicionais.
Apesar das críticas, não há sinal de ruptura formal. A bancada bolsonarista segue numerosa e, em diversos temas, o Centrão depende dos votos desse grupo para aprovar matérias no Plenário. Nos bastidores, contudo, dirigentes avaliam fórmulas de “distância estratégica”, na tentativa de preservar a imagem pública caso a discussão sobre sanções avance.
Por ora, Eduardo Bolsonaro mantém a agenda em Washington sem previsão de retorno imediato ao mandato. O parlamentar despachará do exterior ainda nesta semana, enquanto aliados em Brasília medem o alcance político e econômico de cada novo encontro na capital norte-americana.

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS

