geraldenoticias 1756806885

Fux questiona delação e pode abrir caminho a recurso no caso Bolsonaro

Política

O julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete investigados pela suposta tentativa de golpe de Estado chega nesta terça-feira (02) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a expectativa de eventuais divergências do ministro Luiz Fux. Embora o colegiado costume endossar, por unanimidade, os votos do relator Alexandre de Moraes, declarações recentes de Fux levantaram a possibilidade de um resultado menos homogêneo, o que interessa diretamente às defesas.

Questionamentos sobre a delação de Mauro Cid

Durante o recebimento da denúncia, em março, Fux externou reservas à colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O ministro ironizou as sucessivas alterações de depoimento do militar e frisou que avaliaria, “no momento próprio”, a legalidade e a eficácia das declarações.

Apesar de ter acompanhado o relator naquela fase processual, Fux deixou claro que nove delações de um mesmo colaborador, cada qual acrescentando elementos distintos, merecem exame aprofundado. A defesa do ex-presidente sustenta que a acusação se apoia de forma excessiva nos relatos de Cid, cuja voluntariedade vem sendo contestada.

Advogados citam esse ponto para requerer que toda a Turma reconheça eventual nulidade da prova, hipótese que enfraqueceria a imputação dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Caminho para levar o caso ao plenário

A Primeira Turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin. Desde 2023, ações penais que não envolvem diretamente presidente ou vice em exercício são julgadas nas Turmas, e não no plenário de onze ministros. Ainda assim, se houver pelo menos dois votos divergentes nos crimes centrais, a defesa poderá interpor embargos infringentes, recurso que força a análise do caso por um colegiado maior.

Em março, ao receber a denúncia, Fux foi voto vencido ao defender a remessa do processo ao plenário com base na relevância política do tema. A ocorrência de novo dissenso agora seria vista como oportunidade para retomar o pleito. Segundo o professor de Direito da FGV, Rubens Glezer, a existência de divergência “abre espaço legítimo” para recursos com esse objetivo.

Debate sobre a absorção de crimes

Outro ponto que pode gerar dissenso diz respeito à chamada absorção de crimes. Bolsonaro responde às acusações de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena máxima de oito anos) e de golpe de Estado (máximo de 12 anos). Para as defesas, em eventual condenação, somente um dos tipos penais pode subsistir.

Fux já manifestou preocupação com a sobreposição de delitos. Em voto anterior, mencionou ser possível “encaixar o fato em tipo mais abrangente”, evitando punição dupla. A mesma visão vem sendo externada pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em outros processos, o que fortalece o argumento de redução de pena.

Na prática, o reconhecimento da absorção não impede condenação, mas pode diminuir significativamente a pena dos réus — cenário que interessa não apenas a Bolsonaro, mas também a militares e ex-auxiliares envolvidos.

Precedente favorece tese da defesa

Em setembro do ano passado, Fux divergiu de Moraes no julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, que pichou a frase “perdeu, mané” na estátua A Justiça, em frente ao Supremo. O ministro acolheu apenas o crime de deterioração de patrimônio, absolvendo-a de golpe de Estado, abolição violenta, dano qualificado e associação criminosa. Ele fixou pena de um ano e seis meses, bem inferior à proposta pelo relator.

Esse precedente reforça a expectativa de que Fux possa adotar critério semelhante para Bolsonaro, isolando infrações realmente configuradas e afastando as que reputar excessivas.

Acusações mantidas contra Bolsonaro

O ex-chefe do Executivo é acusado de chefiar uma organização criminosa armada com o propósito de conservar poder à margem da Constituição e, em última instância, executar um golpe. O Ministério Público o denunciou por cinco crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado.

Em depoimento prestado ao STF em junho, Bolsonaro reconheceu que discutiu “alternativas” após a derrota eleitoral de 2022, mas negou adesão a qualquer investida golpista. Disse que as hipóteses foram descartadas por falta de clima, oportunidade e base política.

O que esperar na sessão desta terça

A tendência registrada até aqui é de confirmação das decisões de Moraes em todas as fases do inquérito. Porém, se Fux apresentar voto divergente — seja para questionar a delação de Mauro Cid, seja para limitar a imputação penal —, ele poderá tornar viável a estratégia da defesa de provocar o plenário, onde a correlação de forças é considerada menos desfavorável.

Para que os réus obtenham acesso aos embargos infringentes, será necessário que pelo menos mais um dos cinco ministros se alinhe a Fux em aspecto substancial do processo. Mesmo que não alcance absolvição, a simples redução de pena ou restrição dos tipos penais já alteraria o impacto da condenação.

O desfecho imediato cabe à Primeira Turma, mas a movimentação de Luiz Fux coloca em perspectiva nova disputa processual, agora em torno da extensão do colegiado competente para julgar o caso mais sensível da corte nos últimos anos.

Se você quer acompanhar outros desdobramentos da política nacional, visite a seção dedicada em nosso portal de Política, onde atualizações sobre o STF e o Executivo são publicadas em tempo real.

Em resumo, a sessão desta terça-feira pode marcar um ponto de inflexão: caso haja divergência, a defesa de Jair Bolsonaro ganha fôlego para tentar levar o processo ao plenário e questionar provas centrais. Continue conosco para acompanhar cada voto e entender como decisões pontuais podem redefinir o curso da ação.

Para informações oficiais e atualizadas sobre política brasileira, consulte também:

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS

R$60,00 R$99,00 -39%
Ver no MERCADO LIVRE
Caneca Jair Bolsonaro Presidente Porcelana Personalizada

Caneca Jair Bolsonaro Presidente Porcelana Personalizada

R$27,99 R$49,00 -43%
Ver no MERCADO LIVRE
Xícara Bolsonaro Brasão Deus Acima De Todos

Xícara Bolsonaro Brasão Deus Acima De Todos

R$33,00 R$99,99 -67%
Ver no MERCADO LIVRE

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *