Brasília, 1º de setembro de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o recente indiciamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode abrir caminho para reduzir a tensão comercial instaurada pelos Estados Unidos contra o Brasil. Em entrevista concedida à BandNews, o titular da pasta avaliou que as mensagens trocadas entre pai e filho, já em posse das autoridades brasileiras, tendem a chegar ao governo norte-americano e provocar um recuo na estratégia tarifária adotada pelo presidente Donald Trump.
Contexto das investigações
Na penúltima semana, a Polícia Federal indiciou Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro por suspeita de obstrução de Justiça em inquérito que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Entre os elementos colhidos, investigadores apontam conversas do deputado nos Estados Unidos, supostamente voltadas a convencer autoridades estrangeiras a adotar sanções contra o Brasil. O pacote teria incluído a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a suspensão de vistos e a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
De acordo com relatório policial, há indícios de que Eduardo buscou persuadir integrantes do governo norte-americano a manter a pressão econômica. Em uma das mensagens, ainda não recuperada integralmente, aparece a preocupação de o caso chegar ao conhecimento de Donald Trump. O material embasou o pedido de indiciamento, agora encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Impacto nas negociações comerciais
Haddad sustenta que as trocas de mensagens, quando repassadas oficialmente à Casa Branca, podem “distensionar” a relação bilateral. Para o ministro, a exposição da estratégia atribuída ao parlamentar torna difícil ao governo norte-americano sustentar novas punições econômicas. “O governo americano pode até fingir que não viu, mas viu”, afirmou durante a entrevista, reforçando que a embaixada dos Estados Unidos em Brasília deverá alertar Washington sobre o conteúdo.
O chefe da Fazenda criticou ainda a condução unilateral das medidas comerciais. Segundo ele, as decisões partem “de uma cabeça só”, em alusão a Donald Trump, sem participação expressiva do Congresso norte-americano. Haddad classificou a sobretaxa de 50% como “injusta” e “sem lógica econômica”, mas avaliou que o quadro tem chances de se reverter caso as autoridades norte-americanas reconheçam o contexto revelado pelas investigações.
Reuniões canceladas e clima de distanciamento
A escalada tarifária coincidiu com o esfriamento do diálogo entre Brasília e Washington. Haddad tinha programado encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, porém a reunião foi cancelada unilateralmente por “motivos de agenda”. Dias depois, Bessent apareceu em fotografia ao lado de Eduardo Bolsonaro e do comentarista Paulo Figueiredo, gesto que, na avaliação de interlocutores do governo brasileiro, sinalizou alinhamento momentâneo entre o deputado e figuras próximas à Casa Branca.
O vice-presidente Geraldo Alckmin relatou situação semelhante com o secretário do Comércio, Howard Lutnick. Segundo Alckmin, as conversas foram interrompidas e restaram apenas contatos de nível técnico, sem avanços substanciais.
Próximos passos no STF
O Supremo Tribunal Federal inicia nesta terça-feira (2) a fase de instrução do processo que poderá transformar Jair Bolsonaro em réu. Caso a denúncia avance, o ex-presidente passará a responder formalmente pelas acusações de tentativa de golpe. Eduardo Bolsonaro, na condição de deputado em exercício, também enfrentará análise da Corte sobre eventual quebra de decoro.
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Imagem: Washingt Costa
Integrantes do governo veem na tramitação judicial um fator que pode influenciar a postura norte-americana. A leitura é de que, ao comprovar que as supostas articulações partiram de atores políticos específicos – e não da administração brasileira –, a pressão tarifária perde força.
Cenário político e econômico
A guerra tarifária, iniciada com o decreto de Trump que fixou alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, afeta principalmente setores de commodities e industrializados de médio valor agregado. Empresários calculam perdas bilionárias caso o impasse persista até o fim do ano. O Planalto busca reabrir a mesa de negociação, enquanto monitoriza o avanço das investigações no Supremo e na Polícia Federal.
Haddad admite a possibilidade de escalada de sanções, mas considera improvável que Washington endureça ainda mais a postura após conhecer o teor completo das mensagens de Eduardo. “Não acredito que vai acontecer, mas pode acontecer”, ponderou.
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Em resumo, o governo aposta no indiciamento de Eduardo e Jair Bolsonaro como peça-chave para mostrar aos Estados Unidos que as tratativas comerciais são questão de Estado e não de interesses pessoais. Se a estratégia surtir efeito, a tarifa de 50% pode ser revista, aliviando exportadores brasileiros. Continue acompanhando nossas atualizações e mantenha-se informado sobre cada etapa dessa negociação.
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