O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (23) que a tarifa adotada pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros teria o “único objetivo” de “livrar a cara dos golpistas”. A declaração foi feita por videoconferência durante encontro do Partido dos Trabalhadores (PT) em Brasília dedicado a discutir conjuntura nacional e internacional.
Acusações contra Washington e ligação com investigação da PF
Haddad relacionou o aumento tarifário, definido ainda na gestão do ex-presidente Donald Trump, às mensagens obtidas pela Polícia Federal em que o ex-presidente Jair Bolsonaro conversa com aliados. Segundo o ministro, o material demonstraria que a medida dos EUA serve para “reabilitar a extrema-direita no Brasil”.
Os áudios citados integram inquérito que indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suposta coação no curso de processo e tentativa de abolir o Estado democrático de direito. A investigação aponta suposto esforço para influenciar julgamento no Supremo Tribunal Federal com alegado auxílio de autoridades norte-americanas.
“O Brasil não pode servir de quintal de ninguém. Temos tamanho e densidade para garantir nossa soberania”, declarou o titular da Fazenda. Ele disse não descartar parceria com os EUA, mas “não nas condições que estão sendo colocadas”.
Críticas à política de Imposto de Renda dos governos anteriores
No mesmo evento, Haddad voltou a defender a proposta enviada ao Congresso que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR). O ministro culpou as gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro pela manutenção da tabela congelada entre 2015 e 2022, fato que, segundo ele, levou “mais de 20 milhões de brasileiros de menor renda” a pagar o tributo.
Dados do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais (Sindifisco) apontam defasagem superior a 36 % no período em que trabalhadores com até R$ 1.903 mensais permaneciam isentos. A correção, de acordo com Haddad, vai beneficiar 25 milhões de contribuintes e ampliar a cobrança sobre cerca de 141 mil pessoas com rendimentos anuais acima de R$ 1 milhão, número que representa 0,01 % da população economicamente ativa.
Poupar para financiar: nova promessa de crédito imobiliário
O ministro também anunciou que o Executivo prepara conjunto de medidas para facilitar o acesso ao crédito habitacional voltado aos trabalhadores de baixa renda e à classe média. A proposta, em fase final de discussão com Banco Central e Ministério do Planejamento, pretende flexibilizar o uso de recursos da poupança para fornecer financiamentos a juros menores.
Haddad afirmou que o Conselho Monetário Nacional deverá submeter o pacote ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias. A intenção do governo é “turbinar o crédito imobiliário” utilizando uma fonte considerada “barata”, preservando cautelas regulatórias.
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Imagem: Internet
Alckmin ganha destaque nas negociações externas
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, também participou do debate. Haddad elogiou o colega pelo trabalho nas tratativas com as autoridades norte-americanas, classificando a postura como “digna” e “sóbria”, sem recorrer a bravatas.
Contexto político e repercussão
As falas de Haddad ocorrem em meio a investigações que aumentam a tensão entre o Palácio do Planalto e a oposição. Ao ligar a política tarifária dos Estados Unidos às denúncias envolvendo Jair Bolsonaro, o ministro reforça a narrativa governista de que fatores externos buscam influenciar o cenário interno. Representantes da oposição rebatem a acusação e sustentam que as tarifas resultam de disputas comerciais comuns entre países.
O embaixador dos EUA no Brasil não se manifestou sobre as declarações até o fechamento deste texto. Integrantes do setor exportador seguem buscando diálogo para reduzir o impacto das tarifas sobre produtos nacionais, sobretudo do agronegócio.
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Resumo: Durante evento do PT, Fernando Haddad associou tarifas dos EUA a suposta proteção a “golpistas”, defendeu correção do IR e anunciou pacote de crédito imobiliário. Continue acompanhando nossas atualizações e compartilhe a matéria com quem se interessa pelos rumos da economia brasileira.
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