Brasília — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou ao governo federal a indicação de Fred Queiroga (Republicanos) para assumir a superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no Estado da Paraíba. A escolha chama atenção porque Queiroga possui condenação judicial por desvio de recursos públicos quando foi tesoureiro da Prefeitura de Boa Ventura, entre 2005 e 2006.
Condenação por fraudes em Boa Ventura
Em 2023, o Tribunal de Justiça da Paraíba sentenciou Fred Queiroga a nove anos e nove meses de prisão, além de determinar a proibição de ocupar função pública por cinco anos. De acordo com a decisão, ele simulou despesas e falsificou documentos para desviar receitas municipais, beneficiando-se diretamente do esquema.
Embora tenha recorrido, a condenação permanece em vigor até novo pronunciamento do Judiciário. Questionados sobre a nomeação, Motta e Queiroga não se pronunciaram.
Costura política e interesses eleitorais
A indicação foi articulada no Palácio do Planalto com apoio do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), pai de Hugo Motta e pré-candidato ao Senado pela Paraíba. Queiroga atua como um dos principais cabos eleitorais de Wanderley no Estado.
Segundo interlocutores, a substituição preenche a vaga deixada após o senador Efraim Filho (União-PB) retirar seu aliado do comando regional da Codevasf. O parlamentar integra a oposição ao governo Lula e planeja disputar o governo da Paraíba em 2026, em oposição ao atual governador João Azevêdo (PSB).
Para 2024, a Codevasf dispõe de orçamento da ordem de R$ 2,1 bilhões para projetos de infraestrutura hídrica e desenvolvimento regional. A superintendência estadual tem papel estratégico na definição de obras e repasses, o que reforça a importância política da nomeação.
Histórico e atual posição de Queiroga
Antes da indicação à Codevasf, Queiroga ocupava a vice-presidência da Companhia Docas do Estado. Sua trajetória inclui ainda passagens por cargos de confiança em administrações municipais, todas pelo Republicanos.
A sentença que o condenou descreve “apropriação de rendas públicas em proveito próprio” e a utilização de notas fiscais falsificadas para justificar gastos inexistentes. O magistrado responsável concluiu que os desvios comprometeram o equilíbrio financeiro de Boa Ventura, cidade do sertão paraibano.
Com a presença de recursos na esfera federal e obras em localidades carentes, a superintendência da Codevasf é considerada um posto de alta visibilidade regional. A indicação de um condenado por corrupção pode intensificar o escrutínio sobre contratos e repasses a partir de agora.
Silêncio oficial e trâmite final
O nome de Queiroga foi protocolado internamente e aguarda formalização pelos ministérios competentes. Até o momento, não há previsão de sabatina no Senado para o cargo. Caso o governo confirme a nomeação, caberá à Controladoria-Geral da União (CGU) e aos órgãos de fiscalização acompanhar o cumprimento das regras de integridade.
No Congresso, parlamentares de oposição já sinalizam que vão questionar o Executivo sobre o histórico criminal do indicado. Líderes afirmam que a nomeação contraria princípios de moralidade administrativa e pedem explicações sobre os critérios adotados.
O episódio ocorre em um cenário de disputa partidária pela influência na Codevasf, empresa que ampliou seu orçamento nos últimos anos e gerencia obras relevantes no Nordeste. Partidos do centrão buscam ocupar posições-chave, enquanto a oposição tenta limitar o espaço dos aliados do Planalto.
Para acompanhar outros desdobramentos sobre esta e outras pautas do Congresso, acesse a seção de política em Geral de Notícias.
Em síntese, a indicação de Fred Queiroga coloca novamente à prova os mecanismos de controle interno e externo sobre cargos estratégicos. Acompanhe nossas atualizações e compartilhe a matéria para manter o debate público informado.
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