25 de agosto de 2025 – Brasília. Três anos depois de deixar o Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro continua a ocupar grande espaço nos principais veículos de comunicação do país. A persistente cobertura sobre o ex-presidente contrasta com a atenção relativamente limitada dedicada ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, situação que chama a atenção de analistas políticos e do público em geral.
Cobertura intensa mantém o ex-presidente em evidência
Levantamentos informais em jornais impressos, portais de notícias e programas televisivos mostram que investigações e processos envolvendo Bolsonaro dominam pautas diárias. Entre os temas mais frequentes estão o suposto uso irregular do cartão de vacinação, a investigação sobre joias trazidas do exterior, movimentações financeiras de assessores, episódios relacionados a animais marinhos e alegações de tentativa de golpe.
A exposição constante gera a impressão de que Bolsonaro ainda ocupa cargo no Executivo federal. Estrangeiros que acompanham somente a imprensa tradicional relatam dificuldade em identificar Lula como chefe do Executivo, dada a quantidade de manchetes direcionadas ao ex-presidente.
Enquanto isso, declarações polêmicas do atual presidente, como a referência a “alguém sem dente e ainda negro” em foto oficial, receberam pouca repercussão. Críticos afirmam que parte da mídia demonstra seletividade editorial, poupando o governo de questionamentos mais contundentes sobre temas como crise fiscal, aumento de recuperações judiciais e perdas em estatais.
Força política permanece relevante para 2026
A visibilidade reforçada pela imprensa tem consequências práticas. Pesquisas internas de partidos apontam que Bolsonaro segue como principal cabo eleitoral do país, capaz de transferir votos decisivos em disputas municipais e estaduais. O chamado “centrão” reconhece a dependência desse capital político, mesmo manifestando reservas em relação ao estilo do ex-presidente.
Parlamentares avaliam a formação de chapas consideradas “palatáveis” ao Supremo Tribunal Federal, mas que ainda contemplem o eleitor bolsonarista. O desafio reside em atrair o público fiel ao ex-mandatário sem afastá-lo do processo eleitoral. Até o momento, sondagens indicam que o eleitorado conservador rejeita nomes que evitam criticar o Judiciário ou que se distanciam de pautas defendidas durante o governo Bolsonaro.
Especialistas avaliam que o ambiente de “perseguição implacável”, expressão usada por aliados, acaba fortalecendo a narrativa de injustiça. Em vez de fragilizar o ex-presidente, o foco prolongado em denúncias estimula sentimento de solidariedade entre eleitores, fator que pode influenciar diretamente as urnas em 2026.
Repercussões no governo atual
A atenção voltada a Bolsonaro coincide com desafios econômicos enfrentados pela gestão Lula. Analistas do mercado financeiro apontam para um cenário de déficit crescente, fuga de profissionais qualificados e desempenho negativo das companhias estatais. O número recorde de empresas em recuperação judicial agrava a percepção de instabilidade, mas tais temas não alcançam o mesmo destaque midiático atribuído aos processos envolvendo o ex-presidente.
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Imagem: Isaac Ftana
Integrantes do governo admitem que a baixa cobertura de problemas internos oferece alívio momentâneo, porém reconhecem que a pauta negativa pode retomar força caso indicadores econômicos piorem. Para observadores independentes, o desequilíbrio de foco entre passado e presente dificulta o acompanhamento transparente da administração federal.
Expectativas para os próximos meses
Com a aproximação do período pré-eleitoral, partidos de centro e direita avaliam estratégias para captar apoio bolsonarista sem enfrentar resistência institucional. Ao mesmo tempo, investigações contra o ex-presidente prosseguem, mantendo o tema em evidência. A combinação de processos judiciais, cobertura jornalística intensa e ambiente econômico desafiador deve moldar o debate público até 2026.
Em síntese, a insistência da imprensa em pautar Bolsonaro não apenas garante visibilidade constante ao ex-presidente como também sustenta sua influência eleitoral. A sociedade observará se esse protagonismo artificialmente prolongado se converterá em vantagem concreta na disputa que se aproxima.
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