O Ministério das Relações Exteriores protocolou na terça-feira (19) um pedido de visto junto à Embaixada dos Estados Unidos para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A solicitação ocorre poucas semanas depois de Washington ter revogado os vistos da esposa e da filha de dez anos do ministro, medida enquadrada nas sanções impostas a autoridades brasileiras que participaram do programa Mais Médicos.
Convites oficiais e impasse diplomático
Padilha foi convidado a integrar a comitiva brasileira na conferência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e na Assembleia Geral da ONU, eventos que ocorrerão em setembro, em Nova York. Para comparecer, o ministro necessita de um visto diplomático específico, exigido pelos Estados Unidos para representantes que participam de reuniões em organismos internacionais sediados no país.
Segundo o Itamaraty, embora exista o chamado “acordo de sede” da ONU e da Opas — mecanismo que impede a recusa de entrada de autoridades oficialmente convidadas —, a emissão do documento consular continua sendo obrigatória. O visto anterior de Padilha expirou em 2024, motivo pelo qual ele não teve a autorização cancelada, ao contrário de familiares e auxiliares.
Na manhã de terça, o ministro declarou não ter decidido se viajará, alegando conflitos de agenda. “A dificuldade de sair do Brasil é por conta das votações no Congresso Nacional e de compromissos internos. Caso eu participe, o acordo de sede tem que assegurar a entrada da autoridade convidada”, afirmou.
Sanções americanas ligadas ao Mais Médicos
Duas semanas antes do novo pedido de visto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, revogou os vistos do secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Júlio Tabosa Sales, e do ex-funcionário Alberto Kleiman. Na mesma decisão, foram cancelados os vistos da esposa e da filha de Padilha. O governo norte-americano justificou a medida citando o Mais Médicos, programa criado em 2013, durante a gestão da então presidente Dilma Rousseff, para suprir a falta de profissionais em regiões carentes.
Rubio atribuiu ao projeto violações de direitos trabalhistas, uma vez que parte dos salários dos médicos cubanos era retida por Havana. À época da implantação, Padilha comandava o Ministério da Saúde e foi responsável direto pela execução do convênio. A iniciativa atraiu críticas no Congresso brasileiro — em especial de parlamentares conservadores — por repassar recursos a um regime autoritário e por limitar a liberdade dos profissionais estrangeiros.
Em resposta às sanções, Padilha classificou o ex-presidente Donald Trump como “inimigo da saúde”. “Desde o início do governo dele, ele faz ataques à saúde do mundo como um todo”, declarou. A fala ampliou o desgaste diplomático em um momento em que o governo brasileiro busca restabelecer o trânsito de seus representantes em eventos multilaterais sediados nos EUA.
Processo consular e próximos passos
Com o pedido apresentado, cabe agora à Embaixada dos Estados Unidos avaliar a emissão do visto. Embora o acordo de sede imponha limitações, as autoridades americanas mantêm prerrogativas administrativas, entre elas a definição do tipo de visto e do prazo de validade. O Itamaraty não divulgou previsão para a resposta, mas reiterou que o documento é “imprescindível” para a entrada de Padilha, caso ele confirme a viagem.

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Imagem: Internet
Nos bastidores, auxiliares do Ministério da Saúde monitoram o desfecho, pois a ausência do titular em Nova York enfraqueceria a representação brasileira em temas de saúde pública, incluindo debates sobre financiamento de sistemas universais e programas de cooperação técnica. Parlamentares da oposição, por outro lado, veem a situação como consequência natural da política externa anterior, que aproximou o Brasil de regimes autoritários e levou os EUA a adotarem medidas de retaliação.
Enquanto aguarda o posicionamento norte-americano, Padilha mantém foco na pauta legislativa. Projetos de reorganização da assistência primária e de financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) devem ser votados ainda neste semestre, segundo a liderança do governo na Câmara. O ministro também participa de reuniões do programa “Agora é que são especialistas”, que reúne consultores para avaliar a eficácia de políticas públicas na área.
O cenário segue indefinido: se o visto for concedido, Padilha precisará conciliar a agenda interna com as datas em Nova York; caso seja negado, o governo brasileiro terá de nomear outro representante em curto prazo. A chancelaria evita comentários públicos sobre a possibilidade de retaliações, mas reservadamente admite que uma negativa complicaria a relação bilateral em organismos de saúde.
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Em síntese, o pedido de visto para Alexandre Padilha evidencia o atrito entre Washington e antigos gestores do Mais Médicos. O desenlace desse processo consular definirá se o ministro participará ou não dos fóruns de saúde na ONU e na Opas. Continue acompanhando nossos conteúdos e receba as atualizações em primeira mão.

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