O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta sexta-feira (6) um pronunciamento em cadeia de rádio e TV para marcar as celebrações de 7 de Setembro. Sem citar nomes, Lula classificou como “traidores da pátria” políticos que, segundo ele, colocam interesses pessoais acima do país. A referência recai sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos articulando sanções contra o Brasil e tentando influenciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Críticas a opositores e recado ao Congresso
Lula afirmou que “a história não os perdoará” ao se referir aos políticos que, nas palavras dele, “foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais”. Ele voltou a cobrar posicionamento do Congresso Nacional, sugerindo punição a parlamentares que, na avaliação do Planalto, atuam contra o país no exterior.
Durante o discurso, o presidente também relembrou que a Constituição brasileira determina a independência entre os Três Poderes. Disse que “o presidente do Brasil não pode interferir nas decisões da Justiça”, em alusão às pressões dos Estados Unidos para que o STF reveja processos envolvendo Bolsonaro. O governo norte-americano, liderado por Donald Trump, adotou em agosto uma tarifa recorde sobre produtos brasileiros e incluiu o ministro Alexandre de Moraes na lista da Lei Magnitsky, alegando violações de direitos humanos.
Soberania, economia e promessas de campanha
Lula colocou a questão da soberania nacional no centro da mensagem de 7 de Setembro. Declarou que o Brasil “não será novamente colônia de ninguém” e que manterá “relações amigáveis com todos os países”, porém sem aceitar imposições externas. O Palácio do Planalto relaciona as tarifas americanas a uma suposta “caça às bruxas” do STF contra Bolsonaro.
O presidente retomou promessas da campanha de 2022. Destacou a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até R$ 5 000 e a intenção de taxar grandes fortunas. Citou ainda a redução do desemprego, que estaria no menor patamar da história, e o crescimento acima da média mundial. Reforçou o combate à criminalidade ao mencionar a “maior operação contra o crime organizado da história”, executada pela Polícia Federal contra a facção PCC e outros grupos que adulteravam combustíveis.
Pix, redes sociais e investigação dos EUA
Em meio a especulações sobre privatização do sistema de pagamentos instantâneos, Lula garantiu que “o Pix é público, gratuito e continuará assim”. O presidente também cobrou a regulamentação das redes sociais para coibir fake news, golpes financeiros, exploração sexual de menores e discursos de ódio. Disse que, embora reconheça a importância dessas plataformas, elas “não estão acima da lei”.
Lula mencionou a investigação aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) com base na Seção 301 do Código Comercial norte-americano. A apuração questiona práticas brasileiras como a proteção ao etanol nacional, o comércio de pirataria na Rua 25 de Março, em São Paulo, e supostas barreiras ao livre comércio. “Defendemos o livre comércio, a paz e o multilateralismo, mas nunca abriremos mão da nossa soberania”, afirmou.
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Imagem: Reprodução
Expectativa para protestos de 7 de Setembro
Para este sábado (7), a oposição planeja atos em pelo menos 96 cidades brasileiras e no exterior, sob o lema “Reaja, Brasil”. As manifestações pedem anistia aos réus dos eventos de 8 de janeiro de 2023 e defendem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O governo acompanha a mobilização com atenção, enquanto busca reforçar a narrativa de que o país precisa se unir em torno da defesa das instituições.
Em resumo, o pronunciamento de Lula colocou soberania, economia e controle das redes sociais como eixos centrais das comemorações da Independência, além de intensificar o embate com opositores que atuam fora do país.
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