Brasília, 2 set. 2025 – A reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de aliados do PT à Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, transformou a investigação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) em disputa política. Sem apresentar provas, Lula sugeriu que o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) teria favorecido a facção criminosa ao questionar, em vídeo divulgado em janeiro, o plano do governo de vasculhar transações do Pix acima de R$ 5 mil.
Presidente responsabiliza vídeo do deputado pelo avanço do PCC
Em entrevista à rádio Itatiaia, Lula declarou haver “um deputado que fez campanha contra as mudanças da Receita” e que “defendeu o crime organizado”. Embora não citasse o nome, a referência a Nikolas foi imediata. O parlamentar gravou o material que viralizou nas redes e ajudou a derrubar a proposta de monitoramento fiscal das pequenas transferências.
O argumento do Planalto é que a suposta “desinformação” do vídeo teria fragilizado o controle sobre fintechs usadas pelo PCC para lavar dinheiro entre 2020 e 2024. Contudo, a própria cronologia desmente a narrativa: o vídeo circulou em 2025, depois de todas as movimentações mapeadas pela PF. Além disso, a portaria interna da Receita, revelada pelo portal O Fator, deixava claro o objetivo arrecadatório da medida, sem menção a combate ao crime organizado.
Dados do Banco Central reforçam o descompasso: 50% das operações Pix em dezembro de 2024 foram inferiores a R$ 39 e 99% ficaram abaixo de R$ 3.731, valores distantes das cifras bilionárias atribuídas ao PCC.
Base governista parte para ataque e propõe CPI paralela
A fala presidencial foi seguida por movimentos coordenados. O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, repetiu que “as fake news sobre o Pix ajudaram o crime organizado”. Na Câmara, o líder do PT, Lindbergh Farias, apresentou requerimento para criar uma CPI voltada a investigar ligações entre crime organizado e fintechs – iniciativa vista por oposicionistas como manobra para desviar atenções da CPMI do INSS, controlada pela oposição.
Outros deputados governistas buscaram escalar o confronto. Reimont (PT-RJ) pediu à Procuradoria-Geral da República investigação contra Nikolas e até prisão preventiva, caso se apontasse “risco à ordem pública”. Rogério Correia (PT-MG) solicitou abertura de inquérito criminal no STF. Fora do PT, Tábata Amaral (PSB-SP) divulgou vídeo afirmando que o colega mineiro “ajudou o PCC”.
Nas redes, influenciadores alinhados ao Planalto impulsionaram a tese de que a direita como um todo age em favor do crime organizado, enquanto usuários contrários apontaram tentativa de censura e difamação.
Histórico de resistência petista ao combate ao PCC
A súbita preocupação do governo com o enfrentamento ao PCC contrasta com posições anteriores do partido. Em 2020, Lula rejeitou pedido dos Estados Unidos para classificar o PCC como organização terrorista. Em 2018, durante o mandato de Michel Temer, o PT recorreu ao STF contra decreto presidencial que endurecia ações contra facções, alegando “resquícios autoritários”.
Analistas lembram ainda a campanha de 2013, quando o então prefeito Fernando Haddad criou programas de estímulo a fintechs e meios de pagamento digitais, sem prever controle específico sobre lavagem de dinheiro. Hoje, o mesmo Haddad, à frente do Ministério da Fazenda, defende ampliar a fiscalização do Pix.


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Imagem: Joéds Alves
Oposição reage e promete responsabilizar acusadores
Nikolas Ferreira afirma que recorrerá à Justiça para exigir retratações. Em nota, o deputado acusa o governo de usar a PF como “arma política” e sustenta que “quem protege o crime é quem dificulta o armamento do cidadão de bem, flexibiliza penas e financia ditaduras amigas”. Parlamentares da oposição veem na ofensiva petista esforço para reverter a agenda negativa provocada por sucessivas denúncias de corrupção e altos gastos públicos.
Para líderes liberais, a tentativa de associar críticas tributárias à defesa do PCC é “estratégia de intimidação” contra qualquer voz que se oponha às propostas de aumento de impostos ou de regulação das redes sociais.
Perspectivas
A Operação Carbono Oculto prossegue com inquéritos sobre fintechs suspeitas de facilitar transações do PCC. Enquanto a PF aprofunda a investigação técnica, o Planalto e sua base parlamentar investem na narrativa de que críticas ao fisco equivalem a colaboração com o crime. O embate deve ganhar novos capítulos na volta dos trabalhos legislativos, com disputas por CPIs e debates sobre o projeto de lei que endurece o controle digital.
Ao manter o foco em Nikolas Ferreira, Lula reforça o confronto ideológico que marca o atual cenário político e consolida a estratégia de atribuir falhas de gestão a opositores, movimento que tende a intensificar a polarização nos próximos meses.
Se você quer acompanhar os próximos passos das CPIs e outras movimentações no Congresso, confira também nossa cobertura em Política.
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Resumo: a disputa em torno da Operação Carbono Oculto revela a disposição do governo de utilizar narrativas para avançar em sua agenda fiscal e regulatória. Continue acompanhando nossos conteúdos e permaneça informado sobre os desdobramentos em Brasília.

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