O avanço do crime organizado na cadeia de combustíveis e bebidas volta a chamar atenção após duas mortes por ingestão de álcool adulterado na Grande São Paulo. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) aponta que o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter escoado metanol contrabandeado para destilarias clandestinas, provocando o recente surto de intoxicações.
Caso recente reforça ligação entre combustível ilícito e bebida falsificada
Em 25 dias, o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) confirmou dois óbitos e seis internações decorrentes de metanol presente em bebidas alcoólicas vendidas na capital e em São Bernardo do Campo. Outros dez pacientes seguem sob investigação.
A suspeita ganhou força depois de operação do Ministério Público de São Paulo que, há um mês, fechou distribuidoras e postos ligados ao PCC. Nos locais, fiscais encontraram gasolina e etanol com até 90 % de metanol, índice 180 vezes superior ao limite legal de 0,5 %.
Para a ABCF, o bloqueio da rota de combustíveis adulterados pode ter levado a facção a “realocar” o produto no mercado clandestino de bebidas, gerando lucro rápido e alto risco à saúde pública. A entidade destaca que o metanol é barato, incolor e difícil de ser percebido pelo consumidor, características exploradas por falsificadores.
Impacto econômico bilionário e brechas na fiscalização
O Anuário da Falsificação 2025, publicado pela ABCF, calcula em R$ 88 bilhões as perdas do setor de bebidas com fraudes em 2024. Desse montante, R$ 29 bilhões correspondem à sonegação de tributos e R$ 59 bilhões refletem queda de faturamento de indústrias legalizadas.
Segundo a associação, o problema se agravou depois da desativação, em 2016, do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), plataforma que rastreava cada garrafa fabricada no País. Sem o monitoramento, quadrilhas passaram a reproduzir rótulos, lacres e selos fiscais com facilidade, inundando o mercado com produtos ilegais.
A entidade defende a reativação do Sicobe como medida urgente para conter a escalada do crime organizado e recuperar receitas perdidas. Procurada pela reportagem, a Receita Federal foi questionada sobre eventual retomada do sistema e ainda não respondeu.
Metanol: substância letal em minutos
Também conhecido como álcool metílico, o metanol é inflamável e altamente tóxico. Utilizado pela indústria química e na produção de biodiesel, provoca cegueira, falência renal e morte quando ingerido. Pequenas quantidades bastam para comprometer órgãos vitais em poucas horas.
De acordo com especialistas citados pela Secretaria da Saúde paulista, sintomas iniciais incluem tontura, visão turva e vômitos. A evolução rápida para parada respiratória exige atendimento médico imediato com antídotos específicos, muitas vezes indisponíveis em unidades básicas.


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Imagem: Internet
Recomendações ao consumidor e ações do governo paulista
Após as mortes, a Secretaria da Saúde de São Paulo orientou bares, restaurantes e distribuidores a verificarem rigorosamente a procedência de cada lote de bebida. O órgão aconselha a população a comprar apenas produtos com rótulo íntegro, lacre inviolado e selo fiscal visível.
Em nota, o governo estadual informou que intensificou fiscalizações em pontos de venda suspeitos e ampliou o sistema de denúncia anônima contra falsificadores. No entanto, autoridades de saúde admitem que as quadrilhas se adaptam rapidamente, trocando rótulos e rotas sempre que uma operação é deflagrada.
PCC diversifica fontes de renda criminosa
Investigações recentes mostram que o PCC vem expandindo negócios ilícitos para além do tráfico de drogas, incluindo combustível, cigarros e bebidas. A facção utiliza fintechs para lavagem de dinheiro e recorre a ameaças para coagir empresários a comprar fornecimento irregular. Com a crise econômica e o desemprego, cresce o número de pessoas seduzidas pelo ganho fácil oferecido pelo grupo.
A sequência de casos reforça a necessidade de integração entre polícia, Receita e órgãos sanitários para sufocar as diversas frentes de atuação do crime organizado. Enquanto isso, especialistas recomendam que o consumidor mantenha cautela redobrada ao adquirir bebidas alcoólicas, especialmente de marcas ou locais pouco conhecidos.
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Em resumo, a suspeita de desvio de metanol do PCC para destilarias clandestinas revela falhas graves de fiscalização e expõe a população a riscos letais. Fique atento à procedência dos produtos e acompanhe as próximas atualizações em nosso site.
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