A Polícia Federal detalhou um esquema de câmbio que, segundo a investigação, conectava o ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, à cúpula do Comando Vermelho (CV). Os relatórios apontam que o ex-parlamentar atuava como operador financeiro, intermediava a compra de armamentos e integrava o núcleo de liderança da facção.

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Conversas interceptadas e aproximação com Pezão
Em abril de 2024, agentes interceptaram mensagens entre TH Jóias e Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, braço direito de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe do CV no Complexo do Alemão. Índio encaminhou ao ex-deputado o registro de uma conversa em que Pezão o convidava para uma festa, marcada para o dia seguinte. “Ele vai ficar feliz demais você convidar ele”, escreveu Índio ao traficante. TH respondeu ao intermediário com elogios: “(O) mano é diferenciado.”
Para a PF, a troca de mensagens demonstra a proximidade do político com a alta hierarquia do Comando Vermelho, reforçando a tese de que sua atuação ia além de apoio eventual.
R$ 5 milhões em espécie convertidos em dólares
O inquérito descreve que, em abril de 2023, Índio do Lixão solicitou a TH a conversão de R$ 5 milhões em dólares. Imagem anexada ao processo mostra o ex-deputado deitado sobre notas de real. A operação dividiu-se em duas etapas: o assessor Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, levou R$ 1,02 milhão a uma casa de câmbio em Copacabana, enquanto o restante permaneceu com TH, armazenado na residência da Barra da Tijuca.
De acordo com os relatórios, o grupo devolveu aos traficantes US$ 1 milhão, valor compatível com a cotação da época, e reteve uma margem de R$ 50 mil como lucro pela “prestação de serviço”. Nessa ocasião, TH ainda não ocupava a cadeira na Assembleia Legislativa; ele assumiu o mandato em junho do mesmo ano e perdeu o cargo na última quarta-feira, logo após ser preso.
Segunda transação de R$ 4 milhões gera conflito
Um mês depois, TH recebeu R$ 4 milhões para nova troca por moeda estrangeira. A PF afirma que parte do montante não foi entregue ao CV. As mensagens indicam que valores foram desviados para custear um chá-revelação organizado por TH e por seu assessor Dudu, provocando atrito interno na facção.
Rede de vazamentos e infiltrados
Além do ex-deputado e de seu assessor, a investigação capturou a atuação do delegado federal Gustavo Stteel, suspeito de acessar sistemas internos da corporação para repassar informações sobre investigações envolvendo Dudu e Índio. Uma auditoria confirmou consultas indevidas aos bancos de dados da PF.
Outro nome citado é o ex-subsecretário de Defesa do Consumidor Alessandro Pitombeira Carracena. Os agentes o classificam como elo político da organização: ele teria alertado o grupo, em 31 de janeiro de 2023, sobre uma operação policial iminente. Conversas mostram Índio tranquilizando TH logo após o aviso, indicando que as ordens foram repassadas com sucesso. Relatórios atribuem a Carracena a função de pressionar autoridades para retirar a companhia do Batalhão de Choque da comunidade Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio.

Imagem: Internet
Material bélico, drogas e apoio de policiais militares
Durante as diligências, a PF encontrou vídeo em que TH exibe 200 quilos de maconha. Índio, ao ver as imagens, critica a qualidade do produto: “Isso não é bom de vender.” O relatório também descreve a atuação do PM Rodrigo da Costa Oliveira como chefe de segurança da quadrilha, responsável por escolta, transporte de valores e proteção dos chefes.
Prisão e status dos envolvidos
TH Jóias e Dudu foram presos na quarta-feira. Além deles, Stteel e outros 12 investigados tiveram mandados cumpridos. Pezão continua foragido. O Tribunal de Justiça do Rio manteve todas as prisões. As defesas dos citados não foram localizadas ou não se manifestaram.
Segundo a PF, “a movimentação de centenas de milhares e até milhões de reais em dinheiro vivo foi essencial para a manutenção e a expansão” do Comando Vermelho, permitindo que a facção evitasse mecanismos oficiais de controle financeiro.
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