O Partido Liberal (PL) avança para transformar em lei uma anistia que abranja o ex-presidente Jair Bolsonaro e demais investigados pela chamada tentativa de golpe de Estado. Enquanto a proposta ganha corpo na Câmara dos Deputados, a legenda reforça a mobilização no Senado para reduzir a resistência interna e contornar objeções do presidente da Casa, Senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Estratégia dupla: Câmara acelera, Senado negocia
No campo da Câmara, líderes do PL buscaram apoio externo e receberam a participação direta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio articulou com o presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), a adesão da legenda aliada. O objetivo imediato é votar, em sequência, o regime de urgência e o mérito do projeto tão logo seja concluído o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça Eleitoral. No cálculo do PL, uma definição judicial abriria espaço para que o Congresso Nacional deliberasse sobre o perdão, proporcionando uma saída política para pacificar o ambiente.
Em paralelo, senadores do partido iniciam conversas individuais para garantir apoio suficiente na outra Casa. À frente desse movimento estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Rogério Marinho (PL-RN) e Carlos Portinho (PL-RJ). A meta é simples: convencer Alcolumbre a pautar na íntegra o mesmo texto em tramitação entre os deputados, preservando a anistia para todos os investigados, sem distinção entre executores, organizadores ou financiadores.
Ponto de tensão: proposta alternativa no Senado
Alcolumbre, contudo, mantém posição contrária à versão ampla e coordena a elaboração de um substitutivo. No esboço defendido pelo presidente do Senado, a anistia seria limitada à chamada “massa de manobra” — participantes de menor hierarquia nos atos de 8 de janeiro e demais manifestações. Organizadores e financiadores ficariam fora do benefício. Nessa modelagem, as penas seriam apenas reduzidas, não extintas, segundo relato de parlamentares envolvidos nas tratativas.
Pessoas que acompanham as negociações apontam que o texto restritivo teria maior aceitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Ministros da Corte teriam sido consultados informalmente e demonstrado abertura à proposta de Alcolumbre. No primeiro dia de julgamento dos acusados, o ministro Alexandre de Moraes enfatizou, em seu relatório, que “a impunidade não pode ser opção para pacificação”. A declaração serviu como alerta: a Corte não chancelaria uma anistia integral.
Contagem de votos e próximos passos
A avaliação da oposição é que a mobilização governista no Senado, aliada a uma possível sinalização negativa do STF, pode frear a versão ampla da anistia. Ainda assim, o PL mantém a estratégia de pressionar pela votação, apostando na divisão da base governista e no desgaste político que eventual recusa ao perdão pode gerar.
No Senado, o grupo liderado por Flávio Bolsonaro mapeia apoios estado a estado. O discurso central destaca a necessidade de “reconciliação nacional”, argumento que ganhou força após decisões judiciais que, na visão de aliados, teriam aplicado punições duras a manifestantes de menor expressão. Do outro lado, senadores alinhados a Alcolumbre sustentam que a lei precisa distinguir responsabilidades para evitar precedentes de impunidade a lideranças.
Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, governistas e oposicionistas observam o calendário. A sigla de Bolsonaro pretende protocolar o requerimento de urgência imediatamente após a sentença que envolve o ex-presidente. Caso obtenha as assinaturas necessárias e o presidente da casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), concorde em colocar o tema na pauta, a votação poderá ocorrer em bloco, reduzindo espaço para manobras protelatórias.
Cenários possíveis
1. Anistia ampla aprovada nas duas Casas: Se o PL conseguir maioria na Câmara e no Senado, o texto segue para sanção. Nesse caso, organizadores, financiadores e executores dos atos estariam igualmente beneficiados.
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Imagem: Internet
2. Adoção da versão moderada do Senado: Caso o parecer de Alcolumbre tenha maioria, o projeto volta à Câmara para nova votação. Líderes governistas creem que essa manobra preserva o respaldo do STF e evita desgaste com a opinião pública.
3. Impasse prolongado: Se nenhum dos dois modelos obtiver consenso, a votação pode ser adiada indefinidamente, mantendo acusados sob incerteza jurídica.
Diante desse cenário, aliados de Bolsonaro intensificam a pressão sobre parlamentares indecisos, enquanto setores simpáticos ao Palácio do Planalto apostam na influência do STF para desacelerar a proposta.
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Em resumo, o PL acelera negociações para aprovar uma anistia ampla, mas enfrenta resistência dentro do próprio Senado e a sinalização crítica do Supremo. O desfecho dependerá do equilíbrio entre pressão política, cálculo eleitoral e a disposição de Alcolumbre em ceder. Continue acompanhando nossas atualizações e compartilhe sua opinião nos comentários.
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