O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atendeu, nesta segunda-feira (18), a um telefonema do líder russo Vladimir Putin. A conversa, de aproximadamente 30 minutos, concentrou-se no encontro que Putin manteve com o ex-presidente norte-americano Donald Trump, na última sexta-feira (15), no Alasca. De acordo com o relato transmitido ao Palácio do Planalto, o chefe do Kremlin avaliou a reunião como “positiva”, embora não tenha surgido um acordo imediato de cessar-fogo para a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Detalhes da chamada e posição brasileira
Durante a ligação, Putin apresentou a Lula um resumo dos temas discutidos com Trump, incluindo iniciativas de segurança no Leste Europeu e possíveis rotas diplomáticas para reduzir as hostilidades no território ucraniano. O presidente brasileiro agradeceu as informações e reafirmou apoio a “todos os esforços” que conduzam a uma solução pacífica, conforme nota divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência. Lula citou ainda o chamado Grupo de Amigos da Paz — formado por Brasil e China — como instrumento adicional de mediação.
O Planalto informou que Lula “desejou sucesso às continuadas negociações”, sem esclarecer se o governo brasileiro pretende participar de novas rodadas de diálogo ou enviar representantes às conversas com Kiev. Até o fechamento deste texto, o governo russo não havia comentado publicamente o teor do telefonema.
Pressão externa sobre a relação Brasil–Rússia
Brasília enfrenta crescente cobrança de Washington por manter comércio ativo de diesel e fertilizantes com Moscou. Segundo congressistas norte-americanos, os insumos negociados poderiam sustentar a máquina militar russa, argumento apresentado à comitiva de senadores brasileiros que visitou a capital dos Estados Unidos no fim de julho. Na ocasião, os parlamentares ouviram a ameaça de taxas secundárias mais duras caso o fluxo comercial permaneça inalterado.
O impasse soma-se ao tarifaço de 50 % aplicado por Trump a produtos brasileiros, alvo principal da agenda da delegação no Capitólio. A conjuntura reforça o dilema diplomático do Planalto: manter o alinhamento histórico com os Estados Unidos ou aprofundar a parceria estratégica com a Rússia, que ganhou visibilidade quando Lula compareceu, em maio, às celebrações dos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista. O evento, em Moscou, reuniu nomes como Xi Jinping (China), Miguel Díaz-Canel (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela).
Repercussão e próximos passos
No plano interno, críticos alertam para o risco de o Brasil ser enquadrado em sanções secundárias, cenário que poderia elevar custos de importação e pressionar a cadeia produtiva agrícola. Já setores que defendem a neutralidade ressaltam a importância dos fertilizantes russos para assegurar competitividade ao agronegócio — motor do superávit comercial nacional.
Enquanto a diplomacia brasileira busca equilíbrio, Trump deve se reunir ainda nesta segunda-feira (18) com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. A pauta é repassar a versão de Putin sobre o encontro no Alasca e avaliar novos termos de cessar-fogo. Caso surja proposta aceitável, o Planalto informou que poderá “avaliar participação”, sem especificar formato ou grau de envolvimento.
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Contexto geopolítico
Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, o Brasil tem evitado aderir a sanções ocidentais, preferindo defender o diálogo em fóruns multilaterais como ONU, BRICS e G20. A estratégia, embora classificada por Brasília como “equilibrada”, é vista por parte do Congresso dos EUA como tolerância excessiva a Moscou. A ligação de Putin a Lula acontece, portanto, em um momento em que o presidente brasileiro tenta preservar canais abertos com ambos os lados, mas sob vigilância redobrada de aliados tradicionais do Ocidente.
Analistas notam que, ao dividir detalhes da reunião com Trump, Putin busca fortalecer a narrativa de que consultas bilaterais avançam melhor sem intermediários europeus. Para o Planalto, a deferência do líder russo reforça o prestígio diplomático de Lula, mas também aumenta a responsabilidade de produzir resultados tangíveis que sinalizem compromisso com a paz.
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Em síntese, o telefonema entre Lula e Putin confirma o esforço do governo brasileiro em manter interlocução direta com Moscou, mesmo sob pressão de Washington. Resta agora observar se as tratativas dos próximos dias renderão avanços concretos rumo ao cessar-fogo. Fique atento às próximas reportagens e compartilhe esta notícia com quem acompanha de perto os desdobramentos da guerra na Ucrânia.
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