O economista Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia no governo Jair Bolsonaro e servidor de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), voltou a cobrar uma ampla anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Em entrevista publicada nesta sexta-feira (23), o ex-ministro afirmou que o perdão é condição básica para a pacificação nacional e alertou: sem esse gesto, o eleitor pode recorrer a um candidato “fora do sistema” na disputa presidencial de 2026.
Risco de outsider e comparação com a Argentina
No diagnóstico de Sachsida, a prisão de manifestantes que participaram dos protestos em Brasília mantém aberta uma ferida política que polariza o país. Ele citou o caso de “caminhoneiros, donas de casa e idosos”, incluindo uma senhora de 72 anos, para destacar o que considera excessos na aplicação de medidas cautelares. Segundo o ex-ministro, a demora em conceder anistia alimenta o sentimento de injustiça na sociedade e cria o cenário ideal para o surgimento de um outsider, a exemplo de Javier Milei na Argentina.
“Quem acredita que ganhará a eleição prometendo apenas moderação está enganado”, afirmou. Na avaliação de Sachsida, a falta de um acordo político empurra parte do eleitorado para propostas mais radicais. Ele prevê que, caso o tema não seja resolvido, Bolsonaro deve voltar ao Palácio do Planalto em 2026 com a missão de comandar um governo de transição focado em três frentes: teto para a dívida pública, reformas microeconômicas e pacificação institucional.
Crítica à política econômica do governo Lula 3
Sobre a gestão comandada pelo ministro Fernando Haddad, Sachsida classificou a equipe da Fazenda como “inexperiente” e apontou improvisação em medidas recentes. Ele elencou 25 iniciativas de aumento de tributos, entre elas o decreto que alterava o IOF e precisou ser revogado em seguida. Também citou a proposta de linha de crédito empresarial anunciada sem divulgação das taxas de juros. “Quando surge um problema, a única resposta é elevar impostos”, disse.
O ex-ministro comparou o cenário atual ao período de 2016 a 2022, quando reformas estruturais — trabalhista, Previdência, autonomia do Banco Central, marco do saneamento e lei de garantias — permitiram, segundo ele, que a economia estivesse “decolando” no fim do mandato de Bolsonaro. Para Sachsida, o país não necessita de choques semelhantes aos implementados por Milei em Buenos Aires, mas sim de um ciclo de estabilidade capaz de destravar investimentos privados.
Geopolítica e tarifas nos Estados Unidos
Sachsida também abordou a política externa brasileira na disputa entre Estados Unidos e China. Ele comparou Donald Trump ao ex-presidente Ronald Reagan, sustentando que ambos veem a missão norte-americana como “guardiã do mundo livre”. Na interpretação do economista, as tarifas aplicadas por Trump obedecem mais a um raciocínio geopolítico do que estritamente econômico, assim como Reagan utilizou o orçamento militar para pressionar a União Soviética.
Segundo o ex-ministro, o Brasil “procurou problema” ao se aproximar de regimes adversários de Washington e criticar o dólar, levando a Casa Branca a revisar benefícios tarifários concedidos em abril. Ele avaliou que o país deveria preservar a relação histórica com os EUA em vez de buscar alianças consideradas arriscadas com Irã, China, Cuba e Venezuela.


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Imagem: Fabio Rodrigues
Acusações de perseguição e papel da classe média
Questionado sobre os indiciamentos contra Bolsonaro e aliados, Sachsida afirmou enxergar “clara perseguição” e citou uma parábola em que diferentes grupos foram presos até que restasse silêncio social, em referência à escalada autoritária. Para ele, a classe média será o motor de mudança, pois o pobre se ocupa da sobrevivência imediata e o rico pode simplesmente deixar o país. Caso a tensão com o Supremo Tribunal Federal e outros poderes não diminua, a população tenderá a rejeitar “candidatos do sistema”.
Apesar de críticas duras ao STF e ao Planalto, Sachsida elogiou governadores de oposição e disse vê-los como políticos “competentes e sérios”. Porém, reforçou que a prioridade deve ser a anistia. “O momento de pacificar é agora”, resumiu.
Para quem acompanha o noticiário de Brasília, a defesa de Sachsida ecoa dentro de um ambiente em que parte da elite econômica já se distancia do governo, mas ainda acredita em solução eleitoral clássica. O ex-ministro considera essa leitura equivocada e insiste que a conciliação com anistia é o caminho mais seguro para evitar extremos em 2026.
Em meio às tensões entre Executivo, Judiciário e oposição, nossa editoria de Política segue monitorando cada movimento que influencia o processo de pacificação ou de ruptura institucional.
O desafio colocado por Adolfo Sachsida — anistiar para evitar o pior — recoloca o tema da harmonia entre Poderes no centro do debate. Se a costura política avançar, o país pode atravessar 2026 com menor risco de soluções radicais. Caso contrário, a aposta do ex-ministro em um outsider ganha força. Continue acompanhando nossas atualizações e participe do debate sobre o futuro político e econômico do Brasil.

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