O Supremo Tribunal Federal (STF) entra na fase decisiva do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Washington sinaliza disposição para ampliar sanções caso a condenação se confirme. A tensão jurídica e diplomática pressiona o mercado financeiro, já sensível às medidas econômicas anunciadas pela Casa Branca nos últimos meses.
Pressão de Washington ganha força
Em junho, o presidente Donald Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como “perseguição política” e elevou tarifas de 50% sobre a maioria dos bens brasileiros. Além disso, enquadrou o ministro Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, norma que autoriza punições a estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos.
O impacto apareceu logo no primeiro mês de vigência do tarifaço, com queda de 18,5% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos. Analistas avaliam que uma eventual condenação do ex-presidente pode acelerar novas penalidades, ampliando a lista de autoridades brasileiras sancionadas, impondo restrições a bancos e até afetando setores estratégicos como agronegócio, tecnologia e energia.
A consultoria Eurasia Group identifica três caminhos possíveis para Washington:
- Extensão da Lei Magnitsky a outros ministros do STF e a servidores federais;
- Tarifas adicionais baseadas no artigo 301 do USTR, atingindo manufaturas e commodities;
- Medidas extremas, como restrições ao sistema financeiro internacional, consideradas de baixa probabilidade.
Mercado reage a risco político
A expectativa de retaliações externas já se traduz em volatilidade nos ativos brasileiros. Operadores projetam queda do Ibovespa, avanço do dólar e elevação dos juros futuros se o STF confirmar a sentença. O analista Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, aponta que “o mercado precifica a resposta imediata de Trump, possivelmente com mais nomes na lista Magnitsky”.
Embora reconheça o cenário adverso, o economista Antônio Patrus, da Bossa Invest, vê impacto localizado. Segundo ele, “a economia brasileira continua guiada por fundamentos internos como inflação, política fiscal e demanda doméstica. Uma pressão externa amplifica ruídos, mas não muda a rota principal”.
Bancos na linha de fogo
O dilema atinge especialmente instituições financeiras que operam nos dois países. A inclusão de Alexandre de Moraes na lista Magnitsky gerou conflito jurídico: decisão do ministro Flávio Dino impede a execução automática de sanções estrangeiras em território nacional, enquanto a legislação americana exige rompimento de qualquer vínculo comercial com pessoas sancionadas.
O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman resume o impasse: “Não há como obedecer simultaneamente às cortes do Brasil e dos Estados Unidos”. Entre as instituições expostas, o Banco do Brasil elaborou plano de contingência para preservar cerca de 50 mil clientes em Nova York e Miami, cogitando migrar operações para outras praças internacionais.
Possíveis alvos futuros
Além de autoridades, Washington estuda classificar facções criminosas brasileiras – como PCC e Comando Vermelho – como organizações terroristas. A mudança ampliaria exigências de compliance para qualquer transação envolvendo o país, elevando custos e burocracia.
No campo comercial, o governo americano considera vetar transferência de tecnologia e impor novas tarifas a produtos de alto valor agregado. A exclusão do Brasil do sistema Swift, mecanismo que processa a maioria das operações bancárias globais, é vista como remota, mas permanece no radar de riscos extremos.


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Imagem: Victor Pite
Estratégia de resposta em Brasília
Em paralelo, o Executivo brasileiro analisa medidas de reciprocidade. Dois caminhos ganham força:
- Sancionar empresas que adotarem integralmente a Lei Magnitsky em solo nacional;
- Aumentar tributos sobre serviços digitais de gigantes americanas.
Tarifas comerciais recíprocas são consideradas pouco prováveis pela Tendências Consultoria. De um lado, tramitam lentamente; de outro, o decreto de Trump prevê elevação automática das alíquotas caso o Brasil reaja.
Reflexos para o consumidor
Para a sócia da SHS Investimentos, Adriana Ricci, a confiança do investidor é o termômetro decisivo. “Choques políticos elevam o prêmio de risco, fortalecem o dólar e encarecem crédito. O reflexo chega ao consumidor por juros mais altos e inflação importada”, observa.
Nos próximos meses, mercados acompanharão tanto o desfecho no STF quanto a capacidade diplomática de Brasília e Washington para preservar fluxos de comércio e investimento historicamente relevantes.
Se você deseja acompanhar de perto outros desdobramentos políticos que impactam a economia, confira a cobertura completa em Política.
Em síntese, a reta final do julgamento de Bolsonaro coloca o Brasil sob risco de novas sanções americanas, afetando câmbio, juros e comércio exterior. A intensidade do impacto dependerá da sentença do STF e da resposta que virá da Casa Branca. Continue conosco e receba atualizações em tempo real.
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