Tyler, The Creator apresentou o álbum “Don’t Tap The Glass”, trabalho que chega em 2025 com a proposta explícita de devolver a dança às pistas de hip-hop. O projeto foi concluído em seis meses, ainda durante a turnê do disco anterior, e mistura referências da chamada era de ouro do rap com uma produção moderna voltada ao corpo em movimento.
Proposta: menos celular, mais pista
Já na faixa de abertura, “Big Poe”, o artista define o tom do lançamento: celebrar conquistas, proteger limites e largar o telefone para colocar o corpo em ação. A metáfora do vidro (“não encoste no vidro”) funciona como lembrete para manter distância das telas e criar zonas seguras para a expressão física. Em redes sociais, Tyler relatou ter questionado amigos sobre o motivo de evitarem dançar em público; muitos responderam temer serem filmados. O repertório funciona, assim, como convite para superar essa barreira.
A relação entre hip-hop e dança faz parte da história do gênero desde as festas de bairro em Nova York nos anos 1970, onde DJs como Kool Herc estimulavam batalhas de break. Com a ascensão do gangsta rap na década de 1990 e, mais tarde, o receio de exposição nas redes sociais, o movimento corporal perdeu espaço. Tyler busca reverter esse quadro, retomando um dos quatro pilares originais da cultura hip-hop: o breakdance.
Som que mira na nostalgia sem abandonar o presente
“Don’t Tap The Glass” utiliza samples de jazz, soul e funk, scratches e a clássica bateria Roland TR-808, elementos marcantes dos anos 1980. O visual acompanha o som: a capa mostra o rapper em pose de b-boy, com boné vermelho e corrente de ouro, enquanto os videoclipes adotam estética de fita VHS e fazem referência a artistas como Jamiroquai.
Canções como “Stop Playing With Me” trazem passagens irônicas sobre rivais e até piadas com a indústria de dietas. “Ring Ring Ring” e “Tell Me What It Is” abordam vulnerabilidades pessoais, mas sem o tom melancólico de álbuns anteriores. Outras faixas, entre elas “Sucka Free” e “Sugar On My Tongue”, reforçam o objetivo de criar refrões marcantes e grooves que sustentem a pista de dança.


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Imagem: g1.globo.com
Trajetória até o novo lançamento
Nascido em Los Angeles, Tyler Okonma ganhou notoriedade como líder do coletivo Odd Future, marcado por letras controversas e apresentações caóticas que lhe renderam, em 2015, uma suspensão temporária no Reino Unido. A discografia inclui fases distintas: a rebeldia de “Goblin” e “Wolf”, o sentimentalismo de “Flower Boy” e “IGOR”, além da introspecção vista em “Chromakopia”. O novo trabalho retoma a extroversão e aproxima o artista de um público disposto a dançar.
Tyler reafirma que o hip-hop nasceu para movimentar quadris (“hip”) e saltar (“hop”). Ao reviver essa essência, “Don’t Tap The Glass” funciona como manifesto para reconectar música e corpo, defendendo espaços onde a alegria não seja julgada ou registrada sem consentimento.
Com ênfase em batidas dançantes, estética retrô e letras que combinam humor e afirmação pessoal, o álbum se posiciona como tentativa concreta de reabrir a pista de dança dentro do rap contemporâneo.

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