A poucos dias de votações decisivas na Argentina, o Planalto portenho se vê sacudido por acusações de corrupção dirigidas a Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei e secretária-geral da Presidência. Um áudio atribuído ao ex-titular da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, sustenta que a equipe mais próxima do chefe do Executivo teria exigido pagamentos de até 8% do faturamento de laboratórios para facilitar contratos públicos. A Justiça federal já abriu investigação.
Origem e conteúdo das gravações
O material, divulgado em 20 de maio, apresenta a voz de Spagnuolo relatando suposto pedido de propina feito por Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de Gestão Institucional e aliado de Karina Milei. Segundo o áudio, o esquema poderia gerar aproximadamente US$ 800 mil mensais – valor convertido em cerca de R$ 4,3 milhões – a partir de acordos com empresas farmacêuticas. Spagnuolo afirma ter sido orientado a contratar funcionários indicados pelo Planalto e a negociar com uma companhia específica, identificada como Suizo Argentina.
Em outro trecho, o ex-funcionário alega que Karina ficaria com a maior fatia da cobrança, entre 3% e 4%. Ele ainda diz possuir mensagens de WhatsApp que comprovariam a trama. O governo nega qualquer contato de Javier Milei com o informante e classificou a divulgação como “ataque político” em meio ao calendário eleitoral.
Reação imediata do governo e da Justiça
No dia seguinte ao vazamento, Spagnuolo foi exonerado da Andis. A polícia federal, por ordem do juiz Sebastián Casanello, cumpriu mandados de busca na sede da agência e na Suizo Argentina, recolhendo celulares e documentos. O magistrado determinou que investigados permaneçam no país enquanto a perícia autentica os áudios.
A queixa-crime foi protocolada pelo advogado Gregorio Dalbón, ligado à ex-presidente Cristina Kirchner, o que acirrou o tom partidário do caso. Paralelamente, congressistas analisam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para aprofundar as denúncias, possibilidade que pode ampliar o desgaste político do Executivo.
Impacto eleitoral e governabilidade
O episódio explode a apenas duas semanas da eleição para governador da província de Buenos Aires, onde reside um terço do eleitorado argentino, e a dois meses das legislativas nacionais. A administração Milei já enfrenta dificuldades para aprovar pautas econômicas no Congresso, mesmo com a queda recente da inflação oficial. Setores de oposição veem no escândalo uma oportunidade para limitar ainda mais a agenda liberal do presidente.
Na primeira aparição pública depois das acusações, Javier Milei posou ao lado de Karina, sorridente, mas evitou comentar as investigações. O chefe da Casa Civil, Guillermo Francos, declarou que o mandatário “está tranquilo” e argumentou tratar-se de tentativa de desestabilização promovida por adversários. Já Martín Menem, presidente da Câmara e primo de Lule, disse “pôr as mãos no fogo” pelos acusados.
Próximos passos do inquérito
Peritos analisam os arquivos de áudio e dados extraídos do celular de Spagnuolo, apreendido durante as diligências. Os irmãos Emmanuel e Jonathan Kovalivker, sócios da Suizo Argentina, entregaram aparelhos desligados e sem senha, o que levou a Justiça a requisitar novas medidas para acesso ao conteúdo. Caso a veracidade das gravações seja confirmada, o Ministério Público avaliará eventuais pedidos de indiciamento por corrupção passiva e associação ilícita.


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Imagem: Internet
No plano político, a eventual abertura de CPI pode obrigar Karina Milei e Lule Menem a prestar depoimento no Parlamento. Analistas preveem que a governabilidade do presidente dependerá da rapidez com que o Palácio possa afastar suspeitas ou, ao menos, conter o avanço das investigações antes da votação bonaerense.
Mesmo sem apresentar prova material, a narrativa ganhou fôlego pelo envolvimento de um ex-colaborador do próprio governo. A oposição kirchnerista, responsável por protocolar a denúncia, tenta vincular o caso a recente derrota do Planalto no veto presidencial relacionado a políticas para pessoas com deficiência – tema que motivou forte desgaste da Casa Rosada entre parlamentares.
Do ponto de vista jurídico, o juiz Casanello tende a priorizar a confirmação técnica dos áudios antes de qualquer medida definitiva. Caso o material seja considerado adulterado, o Palácio pode sustentar discurso de perseguição. Se for autêntico, porém, o cenário eleitoral poderá registrar mudanças significativas na reta final da campanha.
Para acompanhar outras movimentações do cenário político argentino e seus reflexos na região, veja também nossa cobertura em Política.
Em síntese, o governo Milei encara acusações graves justamente no momento em que busca consolidar base legislativa e ajustar a economia. A investigação judicial indicará se o áudio representa fato ou arma de campanha. Continue acompanhando nossas atualizações e compartilhe este conteúdo com quem busca informação direta e objetiva.

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