O palestino Odeh Hadalin, ativista que participou do documentário “Sem Chão”, premiado com o Oscar, foi morto a tiros por um colono israelense na Cisjordânia nesta segunda-feira (28). A informação foi divulgada pelo codiretor da obra, o israelense Yuval Abraham, em publicação na rede social X.
Tiroteio em Masafer Yatta
Segundo Abraham, Hadalin foi atingido nos pulmões durante um confronto em Masafer Yatta, área rural ao sul de Hebron. Moradores locais identificaram o autor dos disparos como Yinon Levi, colono que já recebeu sanções da União Europeia e dos Estados Unidos por episódios anteriores de violência na região.
Hadalin tinha 35 anos, era pai de três filhos, lecionava em uma escola da vila de Umm al-Kheir e atuava como porta-voz da comunidade contra a expansão de assentamentos israelenses. O deputado israelense Ofer Cassif confirmou a morte e descreveu o ativista como figura influente no diálogo sobre direitos dos palestinos.
A Cisjordânia abriga atualmente mais de 140 assentamentos israelenses, onde vivem cerca de 450 mil colonos. Embora a maior parte da comunidade internacional considere o território palestino, Israel mantém controle militar da área. Palestinos residentes estão sujeitos a tribunais militares israelenses, enquanto colonos respondem à legislação civil de Israel, situação que gera denúncias recorrentes de desigualdade jurídica.
Violência anterior contra membros do filme
Integrantes de “Sem Chão” já haviam sido alvo de episódios violentos. Em março, o codiretor palestino Hamdan Ballal foi agredido por colonos perto da cidade de Susiya e, em seguida, detido por militares israelenses. Testemunhas relataram invasão de casas, depredação de veículos e ataques a moradores palestinos durante a mesma ação. Ballal sofreu ferimentos na cabeça e no abdômen, foi algemado e vendado durante a noite em uma base do Exército e libertado no dia seguinte, segundo sua advogada, Leah Tsemel.


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Imagem: g1.globo.com
Contexto do documentário
“Sem Chão” acompanha o esforço de comunidades de Masafer Yatta para impedir ordens de demolição emitidas pelo Exército israelense. A área foi designada como zona de treinamento militar nos anos 1980 e, desde então, enfrenta ameaças de expulsão. Estima-se que cerca de mil pessoas ainda vivam na região, majoritariamente beduínas, em casas que frequentemente são demolidas ou interditadas pelas forças armadas.
O filme foi dirigido pelos palestinos Hamdan Ballal e Basel Adra em parceria com os israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor. A produção conquistou o prêmio de Melhor Documentário no Oscar deste ano, chamando atenção internacional para a disputa pelo território e para a rotina dos moradores sob ordens de despejo.
A morte de Odeh Hadalin eleva a tensão em um momento em que organizações internacionais intensificam críticas à expansão de assentamentos e à violência de colonos contra palestinos. Até o momento, autoridades israelenses não divulgaram informações oficiais sobre a investigação do caso.

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