Recife, 14 de março — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil “não vai ficar de joelho” diante dos Estados Unidos, ao rebater a avaliação do presidente americano Donald Trump, que classificara o país como “péssimo parceiro comercial”. A resposta ocorreu durante agenda em Pernambuco, na qual Lula acusou o líder norte-americano de mentir sobre o desempenho comercial brasileiro.
Troca de acusações entre os dois presidentes
Na Casa Branca, Trump dissera a jornalistas que o Brasil cobra tarifas “muito maiores” que as praticadas pelos EUA e voltou a rotular Brasília como uma das piores parceiras econômicas do mundo. Segundo o republicano, algumas mercadorias estariam sujeitas a alíquotas de até 50%, fato que, em sua visão, comprometeria a relação bilateral.
Horas depois, em evento no Nordeste, Lula rebateu: “É mentira quando o presidente norte-americano diz que o Brasil é mau parceiro comercial. O Brasil é bom, só não vai ficar de joelho para o governo americano”. O petista insistiu que o país mantém “relação sólida” com Washington, mas ressaltou que não aceitará submissão.
Déficit crescente favorece Washington
Dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, desde 2009, a balança comercial brasileira registra déficits contínuos frente aos Estados Unidos. Em 2024, o saldo negativo — já contando bens e serviços — superou a marca de US$ 28 bilhões, reforçando o argumento americano de que o fluxo atual beneficia mais Washington do que Brasília.
Apesar dos números, Lula privilegiou o tom político em vez de abordar o desequilíbrio de quase uma década e meia. Ao público pernambucano, limitou-se a qualificar a fala de Trump como “falsa” e exaltou a soberania nacional, sem mencionar medidas concretas para reduzir o déficit ou revisar tarifas apontadas por Washington.
Lula volta a atacar Trump e defende Judiciário brasileiro
No mesmo discurso, o chefe do Executivo brasileiro criticou a postura de Trump durante a invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021. Para Lula, se aquele episódio tivesse ocorrido em território nacional, “o presidente seria julgado e, se culpado, iria para a cadeia”. O comentário foi acompanhado de nova referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Lula disse estar sendo julgado “pela democracia”.
Já na capital americana, o republicano defendeu Bolsonaro e classificou as investigações no Brasil como “execução política”. “Eu conheço esse homem e vou dizer: acho que ele é honesto”, afirmou Trump, sugerindo perseguição judicial contra o ex-mandatário brasileiro.


IMPERDÍVEL! Jair Bolsonaro: O fenômeno ignorado: Eles não entenderam nada




Tarifas, China e percepção de risco
Trump também sinalizou preocupação com a aproximação de países latino-americanos, inclusive o Brasil, com a China. Segundo o presidente dos EUA, essa triangulação aumenta a necessidade de Washington impor tarifas punitivas. “Eles cobram tarifas enormes… Agora estão sendo cobrados 50% de tarifas, e não estão felizes, mas é assim que funciona”, declarou.
Lula, por sua vez, não comentou as observações sobre Pequim. O governo brasileiro tem reforçado relações com o gigante asiático, seu principal parceiro comercial, enquanto mantém saldo negativo crescente com os EUA — situação que alimenta críticas sobre falta de estratégia para equilibrar as contas externas.
Visões opostas e impasse comercial
A sequência de declarações evidencia um impasse: de um lado, Trump sustenta que as tarifas brasileiras distorcem o comércio e penalizam empresas americanas; de outro, Lula rejeita qualquer acusação de protecionismo e insiste que o Brasil não cederá a pressões externas. O confronto verbal, contudo, não altera o quadro concreto: o mercado americano continua absorvendo grande volume de exportações brasileiras em setores como semimanufaturados, enquanto empresas brasileiras pagam mais caro para entrar nos EUA, resultando no déficit de US$ 28 bilhões.
Até o momento, não há anúncio de negociações formais para rever alíquotas ou revisitar acordos bilaterais. Lula prioriza o discurso de afirmação nacional, ao passo que Trump mantém a linha dura voltada a seu eleitorado, que costuma apoiar barreiras tarifárias. A divergência deve permanecer no centro das atenções, sobretudo diante do calendário eleitoral americano e das pressões internas por crescimento econômico no Brasil.
No curto prazo, ambos os países seguem interdependentes: Washington ainda figura entre os principais destinos das exportações brasileiras, e investidores americanos detêm participação relevante em setores estratégicos do Brasil. A retórica inflamada, porém, indica que a solução dependerá de pragmatismo, não apenas de pronunciamentos públicos.

Camiseta Camisa Bolsonaro Presidente 2026 Pátria Brasil 6 X 10,00 S/JUROS


Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no Geral de Notícias, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!