Brasília, 6 ago. 2025 – O pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, chegou a 38 apoios formais no Senado, mas ainda carece de três assinaturas para ser admitido. Dois parlamentares do Partido Liberal, o senador Romário (RJ) e a senadora Eudócia Caldas (AL), permanecem indecisos e seguram a 41ª rubrica necessária para fazer o processo avançar.
Pressão nas redes e no plenário
Romário enfrenta cobrança diária em seus perfis no Instagram e no X. Nos últimos dias, comentários de eleitores exigindo posicionamento se multiplicaram, reforçados por militantes de direita e por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Mensagens destacam que o partido já fechou questão a favor do afastamento de Moraes e que o voto do ex-jogador se tornou “determinante” para destravar o trâmite.
Eudócia Caldas, eleita em 2022 na esteira do crescimento do PL no Nordeste, também figura como “indecisa” na plataforma votossenadores.com.br, que compila a postura de cada parlamentar sobre o tema. Embora a senadora não costume protagonizar debates nacionais, sua assinatura ganhou peso estratégico, pois pode elevar o total de apoios a 39 e aumentar a pressão sobre os colegas que ainda hesitam.
Além dos dois, outros 22 senadores continuam sem declarar voto. O grupo inclui o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), cuja posição é decisiva não apenas na contagem final, mas também na condução interna do pedido.
Números do placar até o momento
O Senado é composto por 81 parlamentares. Para que uma denúncia de impeachment de ministro do STF seja considerada admissível, o Regimento Interno exige o apoio mínimo de 41 senadores, equivalente à maioria absoluta. Segundo levantamento atualizado na manhã desta quarta-feira (6), a situação está distribuída da seguinte forma:
• A favor: 38 senadores
• Contra: 19 senadores
• Indecisos ou não declarados: 24 senadores
A base contrária ao afastamento de Moraes é integrada majoritariamente por parlamentares de esquerda. Todos os 9 senadores do PT, por exemplo, já se manifestaram publicamente contra a abertura do processo. Entre os 38 favoráveis, prevalecem nomes de partidos de direita, com destaque para o próprio PL. Também há dissidências no PSD, legenda de centro que permanece dividida.
Protocolo e “pacote da paz”
O pedido foi apresentado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no fim de julho. O documento reúne argumentos de abuso de autoridade, suposta censura em decisões monocráticas e críticas à condução dos inquéritos sobre manifestações de 8 de janeiro de 2023. Junto ao requerimento, Flávio anexou o chamado “pacote da paz”, que propõe anistia para condenados pelos atos daquela data e o afastamento temporário de Moraes enquanto durarem as investigações parlamentares.
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Conforme o rito previsto, depois de obtidas as 41 assinaturas, caberá à Mesa Diretora conferir a regularidade do documento. Na sequência, o presidente do Senado deve determinar a criação de comissão especial, composta por 11 membros titulares e igual número de suplentes, responsável por emitir parecer prévio. Se a maioria simples da comissão recomendar a continuidade, o plenário decide em votação aberta se aceita ou arquiva a acusação.
Cenário político e articulações
Nos corredores do Congresso, aliados do ex-presidente Bolsonaro acreditam que o número mínimo pode ser atingido ainda nesta semana, caso Romário e Eudócia cedam às pressões. Parlamentares próximos ao senador carioca, porém, indicam que ele pretende ouvir bases eleitorais no Rio de Janeiro antes de formalizar posição. Já Eudócia Caldas mantém agenda reservada em Maceió, onde lideranças locais avaliam impactos regionais de eventual ruptura com o STF.
Na avaliação de líderes governistas, a demora dos indecisos joga a favor de Moraes, pois permite articulações para frear novas adesões. Enquanto isso, a oposição mira os 24 nomes ainda indefinidos, sendo que pelo menos oito pertencem a partidos de centro-direita abertos à negociação.
Próximos passos
Caso o requerimento alcance 41 assinaturas, o processo tende a elevar a tensão institucional entre Legislativo e Judiciário nas próximas semanas. Se permanecer abaixo do patamar exigido, a iniciativa será arquivada automaticamente, salvo reapresentação futura.
Até lá, a discussão sobre limites de atuação do Supremo e equilíbrio entre Poderes seguirá no centro da pauta. No Senado, cada declaração pública tem sido contabilizada como vitória ou derrota parcial de lados opostos. Por ora, Romário e Eudócia Caldas detêm o último voto que define se o impeachment de Alexandre de Moraes avança ou fica pelo caminho.
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