O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) tornou-se o gatilho para um entendimento político que envolve Congresso, Palácio do Planalto e lideranças da direita. Enquanto a Corte analisa a acusação de tentativa de golpe, parlamentares aceleram a construção de um projeto de anistia aos réus do 8 de janeiro e posicionam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como possível cabeça de chapa conservadora nas eleições de 2026.
Anistia ganha força na Câmara com apoio do Centrão
A movimentação começou na própria semana em que o STF iniciou o julgamento, em 2 de setembro. Líderes de PP, União Brasil, Republicanos e PL costuram um texto que conceda anistia ampla aos manifestantes condenados, sinalizando ao Supremo que a resolução da crise pode vir pela via legislativa. Segundo interlocutores, a proposta conta com o aval de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília.
Na véspera da sessão, Bolsonaro recebeu o deputado Arthur Lira (PP-AL), principal articulador do Centrão. Lira avaliou que somente uma mobilização robusta garantiria votos suficientes para aprovar a medida. Nos dias seguintes, Tarcísio desembarcou em Brasília e reuniu-se com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de Ciro Nogueira (PP-PI) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). O governador prometeu que, caso eleito presidente, seu primeiro ato seria indultar Bolsonaro.
Mesmo advogados de defesa admitem que a absolvição dos réus dificilmente ocorrerá no Judiciário, reforçando a tese de solução no Parlamento. Há, porém, divergências sobre o alcance da anistia. Uma ala defende excluir Bolsonaro do texto para evitar questionamentos do STF; outra insiste em incluir o ex-presidente desde já.
Senado esboça versão “light” e tensão cresce com o STF
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) elabora uma “anistia light”, que reduziria penas, mas deixaria de fora Bolsonaro e líderes dos atos. A iniciativa desagrada deputados e amplia o atrito entre as Casas. São necessários 41 votos para aprovar um projeto ordinário, número considerado apertado pela oposição.
A esquerda reagiu com firmeza. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a proposta como “golpe parlamentar”. Deputados do PCdoB e PSOL acusaram o Congresso de pressionar o STF em meio a um julgamento histórico. Do outro lado, o ministro Alexandre de Moraes rebateu publicamente: “A impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação.”
Pressão sobre Moraes e articulação internacional
A contenção de Moraes tornou-se ponto central para a coalizão de centro-direita. Senadores cogitam um pedido de impeachment, enquanto aliados do ex-presidente defendem CPI para investigar o magistrado. As críticas se intensificaram após depoimento do ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro, que relatou supostas irregularidades e entregou documentos às autoridades norte-americanas.
No exterior, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve em Washington ao lado do jornalista Paulo Figueiredo e solicitou ao Tesouro dos EUA sanções contra Moraes com base na Lei Magnitsky Global. O parlamentar disse estar disposto a concorrer ao Planalto se necessário, mas negou pressão para que o partido abandone Tarcísio.
Tarcísio emerge como nome de consenso para 2026
Analistas veem Tarcísio de Freitas como principal beneficiário da articulação. Amparado por Ciro Nogueira, Marcos Pereira e Gilberto Kassab (PSD), o governador consolida imagem de liderança nacional sem lançar formalmente a candidatura. Consultores políticos apontam que a união de Republicanos, PP, PL e União Brasil abriria caminho para uma chapa competitiva, capaz de atrair o eleitorado conservador e segmentos do centro.


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Imagem: Alan Santos
O próprio PL, contudo, mantém Bolsonaro como “comandante” da definição eleitoral. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, afirma nos bastidores que o ex-presidente será ouvido antes de qualquer decisão. Nos bastidores, Republicanos e PL disputam a filiação de Tarcísio, considerado peça-chave para 2026.
Cenário institucional continua em aberto
Para o cientista político Ismael Almeida, o julgamento de Bolsonaro transcende a figura do ex-chefe do Executivo. A provável condenação, somada às acusações de parcialidade, fortalece a percepção de politização e cria espaço para uma saída negociada. Já o analista Luiz Filipe Freitas, da Malta Advogados, avalia que o acordo pode atenuar a polarização, mas não elimina a crise. A centro-direita, segundo ele, avança na formulação de sua própria agenda, porém seguirá dependente da base conservadora para vencer eleições nacionais.
Em suma, o processo no STF acelerou conversas que unem Legislativo e setores da direita em torno de três pontos: anistia, contenção de Moraes e consolidação de Tarcísio como herdeiro político. Se o entendimento vingar, o país poderá assistir a uma recomposição de forças que definirá o rumo da disputa presidencial de 2026.
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Resumo: O julgamento de Jair Bolsonaro catalisa negociações no Congresso por anistia aos réus do 8 de janeiro e fortalece a pré-campanha de Tarcísio de Freitas para 2026. Continue ligado e compartilhe esta matéria para manter o debate informado!
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